Benjamin Franklin não dispunha de nada além de uma pipa e um fio de algodão para testar suas teorias sobre as descargas atmosféricas. Em pleno século XXI, pela primeira vez, uma equipe de 14 pesquisadores europeus utilizou um raio laser para dar início a atividades elétricas em nuvens, momentos antes de uma tempestade.
Relâmpagos feitos pelo homem
"Este foi um primeiro passo importante rumo ao disparo de relâmpagos reais com raios laser," disse o pesquisador Jérôme Kasparian, da Universidade de Lyon, na França. "É a primeira vez que nós geramos precursores de relâmpagos em uma nuvem de chuva."
Nenhum relâmpago ar-terra foi causado devido à temporização muito curta dos disparos do laser, mas os disparos causaram descargas entre as nuvens. O próximo passo, que consistirá na geração de relâmpagos reais, descendo até o solo, será dado assim que eles reprogramarem seus lasers para usar seqüências de pulsos mais sofisticadas, que gerarão arcos mais duradouros, capazes de dirigir os relâmpagos durante a tempestade.
Filamentos de plasma
O disparo controlado de relâmpagos é uma ferramenta importante para pesquisas básicas e aplicadas, porque permite aos pesquisadores estudar os mecanismos de funcionamento do próprio relâmpago e a sensibilidade de estruturas como prédios e linhas de transmissão de energia.
O pulsos de raios laser formam filamentos de plasma no ar, canais ionizados de moléculas que funcionam como fios condutores no interior da nuvem de chuva. A idéia de se utilizar raios laser para disparar relâmpagos surgiu há mais de 30 anos atrás, mas até agora não havia sido utilizada porque os lasers não eram potentes o bastante para gerar canais de plasma grandes o suficiente.
Bibliografia
Electric events synchronized with laser filaments in thunderclouds
Jerome Kasparian et al.
Optics Express
April 14, 2008
Vol.: 16, Issue 8 - pp. 5757-63
DOI: 10.1364/OE.16.005757