Segundo diretor da estatal, para construir Angra 3, Eletrobrás terá que rever modelo de venda de energia e também o valor total do projetoReportagem do jornal Gazeta Mercantil publicada na terça-feira (22/04) revela que a estatal Furnas Centrais Elétricas tem acumulado prejuízo de "algumas centenas de milhões de reais" com a venda de energia produzida pelas usinas nucleares de Angra. E acrescenta: se a Eletrobrás quiser mesmo construir Angra 3, terá que rever não só o modelo de comercialização de energia, mas também o valor envolvido no projeto. Estima-se que Angra 3 custará, por baixo, R$ 8 bilhões aos cofres públicos para gerar 1.350 MW.
A reportagem lembra também que "embora a energia nuclear seja atualmente comercializada por valores abaixo do previsto nos mesmo leilões para a energia das usinas termelétricas a gás natural, o reajuste em negociação não pode exceder demais o preço atual. Do contrário, haverá o risco de tornar as usinas nucleares pouco competitivas em relação às demais fontes de geração. Tal competitividade foi usada pelo lobby do setor nuclear, nos últimos anos, para convencer a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a apoiar a retomada do projeto de Angra 3."
"Temos aí mais um exemplo dos custos obscuros da energia nuclear", afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha antinuclear do Greenpeace Brasil. "Um outro exemplo, que aconteceu recentemente, foi a substituição de um gerador de vapor de Angra 1 que custou cerca de R$ 600 milhões. É um valor altíssimo, principalmente se levarmos em conta que a usina tem uma vida último de apenas mais 10 anos."
Rebeca afirma que não são apenas os custos de construção que são altos, mas também os de manutenção e de operação. "Há um alto gasto de dinheiro público durante toda a vida útil da usina nuclear, isso sem falar nos custos de descomissionamento."
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Greenpeace Brasil, 24/04/2008)