A falta de chuva que permanece há mais de um mês em quase todo o Estado, poupando apenas as regiões norte e nordeste, tem atingido também algumas cidades da região sul. E se o tempo continuar seco até o próximo mês, as abastecedoras de água de cidades como Canguçu, Chuí, Bagé, Jaguarão, Herval e Santa Vitória do Palmar, já planejam medidas para diminuir o consumo na zona urbana e rural.
A situação mais crítica é em Bagé. Segundo o Departamento de Água e Esgoto (Daeb), responsável pelo abastecimento de água no município, neste mês choveram 28,8 milímetros (mm), quando a média histórica no período é de 218mm. A conseqüência: barragens praticamente secas. Das três que abastecem o município, duas estão com os níveis muito abaixo do normal. O maior reservatório da cidade, que possui 12 metros de profundidade, está com seu nível 8,5 metros além do mínimo ideal. Já a barragem Piray, que tem nove metros, está com 4,5 metros abaixo.
A prefeitura, preocupada com a situação, tem realizado reuniões com o Daeb e a Defesa Civil. Os órgãos avaliam a necessidade de medidas mais drásticas para economizar a água. Este ano Bagé não teve racionamento, mas segundo o prefeito Luiz Fernando Mainardi (PT), a situação está cada vez mais crítica. “Estamos nos reunindo para achar outras soluções, mas em último caso teremos que partir ao racionamento para conter o consumo e preservar o estoque que ainda temos”, enfatizou.
No Extremo Sul
Em Santa Vitória e Chuí o abastecimento é feito através de poços artesianos e a situação já não é tão grave. Mas é na zona rural que a estiagem tem causado maiores danos. Segundo o chefe do escritório da Emater/RS em Santa Vitória, Antônio Queiroz Filho, com a falta de água os campos estão cada vez mais secos, impossibilitando a alimentação dos rebanhos. ”Sem a chuva os animais não comem porque não tem pasto e o resultado é queda na pecuária de leite e em outras culturas”, disse.
Além da falta de água para a pecuária, a estiagem pode atingir o abastecimento humano. ”Pensando nisso já fizemos um levantamento em parceria com a prefeitura do Chuí e estamos buscando recursos e estratégias que resolvam ou amenizem o problema”, adiantou Queiroz.
Cooperação
Em Jaguarão e Canguçu a situação não é muito diferente. O problema é mais crítico também para os agricultores. Na zona rural a pastagem é seca e, conseqüentemente, os animais perdem peso. Para tentar amenizar a falta da chuva, as duas cidades, que já receberam investimentos do Programa de Irrigação (prevê a instalação de açudes), desenvolvem projetos e a Emater/RS -responsável pelo programa - faz o levantamento das localidades mais atingidas. ”Os técnicos de cada município já começaram a visitar os produtores que estão com maiores dificuldades. No interior de Canguçu a expectativa é de que sejam implantados cerca de 18 novos açudes”, disse o chefe do escritório da Emater/RS em Canguçu, Ilmes Pires da Rosa.
Estável
Mesmo com a falta de chuva há 30 dias, Herval é onde a estiagem ainda não causou grandes problemas. Segundo a Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan), responsável pelo abastecimento de água no município, a barragem se mantém e está apenas 5% abaixo do nível normal. Estão sendo realizadas campanhas de conscientização para o não-desperdício e também há controle dos hidrômetros.
Transtornos
Segundo o secretário de Obras de Santa Vitória, Francisco Borges, a falta de precipitação também é um agravante nas vias urbanas do município. ”A maioria das nossas ruas não possui calçamento. Então, com a falta de chuva, a poeira é a grande inimiga da comunidade e do comércio local”, disse.
(Por Lisandra Reis, Diário Popular, 24/04/2008)