A Cosipa, no topo da lista, é responsável pela emissão de 6,35 milhões de toneladas do gás do efeito estufa
Oito empresas respondem por 63% de toda a emissão de CO2 das indústrias paulistas. Elas emitem 18 milhões dos mais de 29 milhões de toneladas por ano do principal gás responsável pelo efeito estufa . No topo da lista está a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), responsável por 6,357 milhões de toneladas do gás lançado na atmosfera, em 2006.
A empresa de Cubatão é seguida por três refinarias da Petrobras e uma petroquímica de Santo André.
Completam o ranking das oito primeiras, a Companhia Brasileira do Alumínio, a Votorantim Cimentos Brasil e a Rhodia, indústria química - todas no interior do Estado.
Os três principais setores indústrias responsáveis pelas emissões são as indústrias petroquímicas, as siderúrgicas, as indústrias de transformação e as de minerais não metálicos.
O levantamento foi apresentado pelo secretário Francisco Graziano Neto, durante reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), na sede da secretaria em São Paulo.
As refinarias Replan, Revap e RPBC, do grupo Petrobras, aparecem imediatamente atrás da Cosipa na lista. A Replan, que produz diversos derivados do petróleo, emite, segundo dados da secretaria, 3,12 milhões toneladas de CO2 por ano.
A Petroquímica União (PqU) é a quinta colocada com 1,46 milhão de toneladas do gás por ano.
Em nota divulgada no final da tarde, a Cosipa afirmou que "mundialmente, o processo siderúrgico gera emissão de CO2 e as indústrias vêm trabalhando para otimizar a sua matriz energética". A Cosipa disse ainda que "tem atuado pró-ativamente no controle e redução das emissões" e que investiu 336 milhões de dólares, nos últimos dez anos, em gestão e equipamentos de controle ambiental.
A Petrobras afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, "que a empresa ainda não tomou conhecimento de todas as informações contidas no relatório e vai se pronunciar assim que possível". E a PqU não quis se pronunciar imediatamente.
Para realização do levantamento foram selecionadas 371 empresas com maior potencial de emissão do gás. Destas 329 responderam voluntariamente a uma avaliação aplicada pela secretaria a partir de critérios do Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC), considerando o consumo de combustível e a produção industrial informados pela empresa.
A proposta de realização do inventário surgiu por sugestão do ex-secretário de Meio Ambiente, José Goldemberg. "A lista não é um instrumento de punição, mas dá condições de engajar a Cetesb em negociações com esses emissores para acordos voluntários", disse Goldemberg nesta manhã.
Nelson Reis, representante da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), declarou que o setor tem sido proativo na questão das mudanças climáticas.
"O fornecimento voluntário das informações é uma mostra da transparência que a indústria trata do tema", disse.
Segundo Graziano, o investimento em eficiência energética e em novos processos de tecnologia de produção são caminhos que as indústrias deverão começar a seguir para reduzir as emissões.
"Imagino que no setor empresarial, ninguém mais duvida de que essa é a agenda", disse. "Na competição global, é fazer ou fazer. Na Europa, o consumidor já escolhe o carro considerando a emissão de CO2."
O CO2, muito confundido com o CO (monóxido de carbono), não é considerado um poluente. Seus efeitos estão relacionados ao aquecimento global. A indústria é responsável por um terço da emissão do gás. Os outros dois terços têm origem em setores como comércio, transporte, energia, em aterros sanitários e domicílios.
Segundo Marcelo Minelli, diretor de engenharia, tecnologia e qualidade ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, está sendo produzido um levantamento para identificar os maiores emissores nos outros setores, que deve levar de dez a 12 meses para ser concluído.
(Estadão Online, 23/04/2008)