Além da “ambientalista”, o Congresso Nacional tem agora uma nova frente parlamentar: a “pró-Antártica”. À frente do grupo, que já contaria com 49 senadores e 117 deputados, está o senador Cristovam Buarque (PDT/DF). Tradicionalmente ocupado em erguer a bandeira da Educação, o senador aprendeu rápido a unir os pontos entre os dois focos de atuação. “Precisamos cuidar das crianças, dos velhos, das florestas e do gelo”, disse o parlamentar, durante um café da manhã na Câmara dos Deputados.
Até 2048, o continente gelado só pode ser aproveitado para pesquisas e captura controlada de “recursos vivos”, como peixes e crustáceos. Países que mantêm estudos por lá, como o Brasil, poderão pleitear no futuro algum quinhão das muito bem estimadas riquezas minerais da Antártica. O custo anual de operação da Estação Almirante Ferraz era estimado em cerca de R$ 6 milhões. Este ano, o valor deve beirar os R$ 11 milhões, se forem aprovadas emendas de parlamentares voltadas, principalmente, à reforma e ampliação da base nacional, na Baía do Almirantado, diz o capitão-de-Mar-e-Guerra Geraldo Juaçaba Filho, assessor da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar.
Madeira não enferruja
A estação brasileira de pesquisas foi construída em 1984, baseada em estruturas metálicas que sofrem com a friagem antártica. As visitas e investimentos em manutenção são freqüentes. Próximos à base verde-amarela, pequenos centros de pesquisas da Polônia e dos Estados Unidos foram erguidos com madeira e têm resistido bem à realidade austral do Planeta.
O ano de 2008 foi reconhecido como Ano Polar Internacional, ou seja, de mobilização científica e governamental em vários países para que o mundo entenda de uma vez a importância ambiental estratégica da Antártica para o equilíbrio climático global. Na América do Sul, então, o continente é peça chave na manutenção do clima regional, ao lado da Amazônia e dos oceanos. No Ministério do Meio Ambiente, entretanto, floresta segue como prato principal de qualquer debate. Entre 6 e 9 de maio, um seminário no Senado servirá para o lançamento de livros e apresentação de pesquisas nacionais sobre a Antártica. Até Happy Feet – O Pingüim está na programação, para as crianças.
(O Eco, 23/04/2008)