Produtores pedem dinheiro para financiamento da casa própria
Representantes de várias cidades vieram participar da manifestação, no centro de Santa Maria
Aos gritos de "Agricultor na rua, governo, a culpa é tua", centenas de produtores rurais das regiões de Santa Maria, Lajeado, Cachoeira do Sul e Santa Cruz do Sul fizeram ontem (23) um protesto na Rua do Acampamento. Eles cobraram do governo federal a liberação de recursos prometidos desde 2006 para financiar casas próprias na zona rural. Na região de Santa Maria, 1,5 mil agricultores esperam por dinheiro para construir moradias.
A mobilização foi organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag). Santa Maria foi escolhida porque a cidade tem uma Superintendência da Caixa Econômica Federal. Em Passo Fundo, Pelotas e Santa Rosa, também houve protestos.
O produtor de fumo Diogo Bernanardi, 26 anos, e a mulher, Eliziane Bernardi, 19, vieram de São Francisco de Assis para participar do ato. Segundo Diogo, ao marcar o casamento, eles esperavam que quando a cerimônia se realizasse, a casa deles estivesse pronta. Como o financiamento não chegou, os dois continuam dividindo a casa com os pais de Diogo.
Outro decepcionado é Edenilso Edir Beling, 47 anos, de Agudo. O problema dele é que a casa própria precisa de uma boa reforma. Segundo Beling, não sobra dinheiro para cuidar do imóvel.
- Estou na espera por R$ 8 mil desde 2006. A minha esperança está terminando - afirma o produtor rural.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria, Juan Vicente Santini, disse que é um contra-senso o governo investir dinheiro para que os produtores façam chiqueiros de porcos e ampliem suas lavouras e não dar a eles condições dignas de moradia. É isso que Santini pretende cobrar de um grupo que foi formado ontem.
Após o protesto chegar à frente da Superintendência da Caixa, na General Neto, representantes da manifestação foram recebidos pelo superintendente regional Carlos Lemanski Farias. O banco e os produtores concordaram em montar uma comissão para tentar agilizar a liberação de recursos. Segundo a assessoria de imprensa da Caixa, o banco concorda com as reivindicações, mas depende dos recursos federais para permitir os financiamentos.
- Todos podem sair ganhando se houver maior agilidade. Hoje, o êxodo rural é grande porque está mais fácil sair do campo e conseguir financiar a casa própria na cidade - diz Santini.
(Por Marilice Daronco, Diário de Santa Maria, 24/04/2008)