O aquecimento do planeta é uma realidade irreversível, mas pode ser reduzido. Só é possível, porém, evitar um desastre maior. No Seminário Regional para a América Latina "O Planeta Terra em Nossas Mãos", o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre afirmou que, se as emissões de gases forem reduzidas em 60% a 70% até 2050, a temperatura pode aumentar menos de dois graus. Isso, porém, já pode significar o fim dos corais e graves danos à agricultura.
Nobre ressaltou que, caso a humanidade soubesse, em 1951 - quando detectou o aumento do gás carbônico na atmosfera - o que isso significaria, talvez a situação atual pudesse ter sido evitada. Para ele, o homem ultrapassou o pior cenário previsto em termos de aquecimento global.
Segundo o pesquisador, a humanidade acelerou 50 vezes o ritmo natural das mudanças no planeta. Ele afirmou que o que mudava em uma era glacial, de 10 mil anos, o homem está mudando em 200 anos. Ele afirmou que o Brasil pode contribuir de duas formas para reduzir o aquecimento global: modernizando as práticas agrícolas, que respondem por 25% das emissões do País; e reduzindo o desmatamento, responsável por cerca de 50% das emissões.
O seminário abriu oficialmente a programação do Ano Internacional do Planeta Terra, promovido pela Organização das Nações Unidas.
Desenvolvimento x meio ambiente
O vice-presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Vander Loubet (PT-MS), alertou que hoje não é mais possível pensar o desenvolvimento e o atendimento das necessidades humanas sem considerar os prejuízos ambientais que se pode causar.
O terceiro vice-presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Paulo Roberto (PTB-RS), lembrou que, apesar de os órgãos ambientais serem acusados de atrasar o desenvolvimento, é preciso consegui-lo de forma sustentada. Ele explicou que o objetivo das políticas ambientais do governo federal é garantir o crescimento de longo prazo, com eficiência, mas, principalmente, respeitando o meio ambiente. "Não podemos nos iludir com taxas impressionantes de desenvolvimento de outros países, com inovações cujos efeitos de longo prazo são incertos", disse.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, informou que o governo brasileiro tem desenvolvido várias ações nesse sentido. A mais importante delas, que congrega inúmeros ministérios, informou, é o Plano de Ciência e Tecnologia e Inovação 2007-2010. Ele afirmou que o plano atuará nas áreas de preservação da Terra, desenvolvimento tecnológico das empresas, pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas como biocombustíveis, recursos naturais e biodiversidade e desenvolvimento sustentável da Amazônia.
(Por Vania Alves, Agência Câmara, 23/04/2008)