Nonoai entra para a lista de municípios do Rio Grande do Sul atingidos pela falta de chuva no verão que acabou castigando a cidade e o campo, em especial as regiões Norte e Noroeste
O centésimo decreto de situação de emergência por estiagem foi recebido ontem pela Defesa Civil estadual. Nonoai, no norte do Estado, engordou a lista de municípios gaúchos que sofrem por causa da irregularidade da chuva de verão.
Apesar dos estragos provocados no campo, o preço dos principais grãos produzidos no Rio Grande do Sul disparou e deverá amenizar os prejuízos dos pés de milho e soja atingidos pela falta de chuva. Segundo a Emater, as perdas causadas pela estiagem em algumas regiões - em especial no Norte e Noroeste gaúcho - não serão determinantes para interferir nos números finais da safra. A colheita de verão de 20,53 milhões de toneladas ficará na média estadual histórica, mas deverá ter redução de 8,32% se comparada com a anterior.
Com a valorização dos preços dos produtos agrícolas, porém, o que se perdeu deverá ser compensado. A soja é um bom exemplo disso (veja quadro). O milho também subiu de forma acentuada nas cotações internacionais: a saca pulou de tímidos R$ 16 em 2007 para impressionantes R$ 24 este ano. O arroz tem dupla comemoração: safra farta de 7 milhões de toneladas e preços nas alturas.
Para o agrônomo Cláudio Dóro, da Emater de Passo Fundo, o momento é positivo para o produtor:
- O fortalecimento do preço vai recompensar qualquer quebra. Mas não podemos falar em quebra, já que no ano passado, tivemos uma colheita excepcional e atípica. Temos é que comemorar os preços.
A estiagem causou mais prejuízo em alguns municípios. Em Cândido Godói, no noroeste, a quebra na safra de grãos será considerável. Cerca de 50% das lavouras de soja e milho foram perdidas pela falta de água.
- A gente não teve problemas sérios com a agricultura. A maior parte dos municípios teve problemas de desabastecimento. Isso provocou um grande número de pedidos de decretos de situação de emergência - explicou Paulo Silva, diretor técnico da Emater/RS.
Silva diz ainda que a alta produtividade conseguida pela maior parte dos produtores rurais - não atingidos pela seca - compensou a quebra registrada em algumas áreas.
Chuva recuperou níveis dos rios
Pólo de uma microrregião, o município de Nonoai foi o último a integrar a lista dos municípios gaúchos em situação de emergência por causa da estiagem. Apesar de o decreto ter sido assinado no dia 11 de abril, o município só passou a fazer parte da lista da Defesa Civil ontem - o último decreto no Estado foi assinado em Nova Alvorada, na sexta-feira passada. Mesmo com a escassez de precipitações - as três localidades mais atingidas pela seca já não tinham água para o consumo humano - , a chuva da última semana ajudaram a encher fontes e poços, agora já totalmente recuperados. Foram mais de 300 milímetros de chuva, fazendo também o nível dos rios voltar ao normal.
Se o problema do abastecimento foi resolvido, as perdas na lavoura não serão recuperadas. O secretário municipal de agricultura de Nonoai, Valentim Avelino Fávero, conta que no interior, as maiores perdas ficaram por conta da lavoura do milho, com 60% de quebra e do feijão, 40%.
- Graças à chuva dos últimos dias, não precisamos mais nos preocupar com a água para beber, mas na lavoura o que se perdeu não volta mais - disse.
*Colaborou Marielise Ferreira e Sebastião Ribeiro
(Zero Hora, 23/04/2008)