Funcionários foram levados às pressas para o lado de fora da empresa
Canos teriam estourado e levado a brigada de emergência a retirar mais de mil funcionários da indústria
Lajeado - Cerca de 1,2 mil funcionários da Eleva, antiga Avipal, precisaram ser retirados às pressas da indústria localizada na Rua Carlos Spohr Filho, no Bairro Moinhos, ontem (22) à tarde. Por volta das 14h30min, uma tubulação de um dos túneis do setor de congelamento estourou, liberando grande quantidade de gás amoníaco - foram 200 quilos de amônia em dez minutos. Os trabalhadores foram avisados do vazamento imediatamente, mas, segundo alguns, o cheiro já denunciava que algo estava errado. Todos foram encaminhados para o pátio da empresa, e quem chegava para o próximo turno acabou ficando do lado de fora, nas calçadas. A rua foi isolada para trânsito de veículos em um trecho de 300 metros. O Corpo de Bombeiros foi acionado e avaliou a área. Brigada Militar e Departamento de Trânsito fizeram o controle do tráfego nas imediações.
Funcionários disseram ter visto pelo menos cinco pessoas sendo retiradas do local desmaiadas. Diversas outras teriam passado mal. Entretanto, até as 17h20min apenas duas foram atendidas no Pronto-Socorro do Hospital Bruno Born. "Foi uma correria, mas as equipes de segurança coordenaram a saída", contou uma industriária. "Acho que levou uns dois minutos desde o momento que fomos avisados e a saída para a rua", calculou outra.
A empresa disse que só se pronunciará sobre o acidente hoje. À reportagem, uma das coordenadoras da área de recursos humanos garantiu que não ocorriam acidentes dessa natureza no local. "As equipes de segurança e de engenharia avaliarão o problema e farão a manutenção", explicou. O trabalho foi retomado ainda ontem.
À noite, equipe da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) esteve no local para averiguar a situação. Os técnicos aguardam o relatório da Eleva sobre as providências tomadas e ainda vão analisar se vai ser aplicada alguma multa à empresa.
Refrigeração
O gás amoníaco, também conhecido como amônia, não é inflamável. É utilizado como gás refrigerante desde o século XIX. Segundo o professor de Química da Univates, Eduardo Mirada Ethur, a contaminação se dá por contato da pele e pelo ar. No caso do vazamento na Eleva, em que a substância encontrava-se em estado gasoso, é improvável que ocorra contaminação de cursos d’água. "As regiões que mais sofrem são as mucosas - olhos, boca e nariz. Também ocorre ardência da pele", informa Ethur. O professor lembra que em casos de contato excessivo, podem ocorrer queimaduras e até mesmo cegueira. "As pessoas que desmaiaram provavelmente passaram mal devido à saturação do ar. Se não houve um contato intenso com o ar não deverão ter seqüelas", assegura. Ele diz que o local do vazamento só deve permanecer isolado enquanto houver cheiro. Depois, o trabalho pode ser retomado normalmente.
(Por Emilio Rotta, O Informativo do Vale, 23/04/2008)