O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a rebater as críticas de que a produção de biocombustíveis reduz a área plantada de alimentos e causa alta nos preços dos produtos. Ele afirmou que não vai aceitar “meia-conversa” sobre o assunto.
- Nós não aceitamos que haja meia conversa sobre a questão do aumento dos alimentos - disse em seu programa de rádio, Café com o Presidente.
“A polêmica vai acontecer porque o Brasil não é mais coadjuvante. Ou seja, o Brasil é o maior exportador de café, o maior exportador de soja, o maior exportador de suco de laranja, o maior exportador de açúcar, o maior exportador de carne e agora o Brasil é um dos maiores exportadores de minério e agora o Brasil está exportando etanol”.
- Temos o prazer e o orgulho de, há 30 anos, termos a tecnologia de um combustível renovável, gerador de empregos, seqüestrador de carbono e, muito mais importante, limpo - completou.
Lula participa na África de vários eventos, entre eles inauguração da sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Gana, o que vai permitir, segundo o presidente, que se produza o mesmo efeito na agricultura no continente africano que se produz no Brasil”.
- Todo mundo sabe que a Embrapa fez a revolução na agricultura brasileira e nós estamos convencidos que a Embrapa pode ajudar vários países africanos a deixarem de ser tão pobres, a terem uma agricultura competitiva - comentou.
No programa, Lula também destacou a sua participação na Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), onde falou, entre outros assuntos, sobre a necessidade de aumentar a produção de alimentos “e não ficar culpando os biocombustíveis pelo encarecimento do alimento”, disse. “O dado concreto é que nós temos 854 milhões de homens e mulheres e crianças que dormem com fome todo santo dia”, afirmou.
- É importante que a gente utilize as terras agricultáveis, as terras disponíveis, para que a gente produza muito mais alimento - completou.
No evento, Lula também tratou da Rodada de Doha, acordo da Organização Mundial do Comércio para que os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos sejam reduzidos, o que dará condições para que os países pobres aumentem suas exportações em possam competir mais igualitariamente.
- Do jeito que está hoje, com o forte subsídio dos Estados Unidos e da União Européia aos seus agricultores, obviamente que fica difícil os países pobres vender algum alimento.
(Jornal do Brasil, 22/04/2008)