Em meio à preocupação dos organismos internacionais com a escassez de alimentos nos países pobres, a Embrapa, uma das maiores instituições de pesquisa agrícola do País, vai receber um reforço de caixa. Em cerimônia hoje no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar incremento de R$ 650 milhões no orçamento da Embrapa, recursos que serão distribuídos neste ano, em 2009 e em 2010.
Órgãos estaduais receberão outros R$ 264 milhões, o que totalizará R$ 914 milhões para a pesquisa no período. Em 2007, o governo aplicou R$ 1,1 bilhão na Embrapa. O valor de R$ 914 milhões supera com folga as estimativas iniciais, que indicavam aplicação extra de R$ 500 milhões em pesquisa no período de três anos.
O recurso adicional faz parte do que está sendo chamado de Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) da Embrapa e está sendo lançado em comemoração aos 35 anos da instituição, fundada em 26 de abril de 1973, mas outros órgãos de pesquisa também serão beneficiados pelo pacote.
De acordo com o presidente da Embrapa, Silvio Crestana, o plano vai possibilitar que a empresa enfrente os desafios da agricultura brasileira. "Estaremos bem mais preparados, por exemplo, para criar alternativas de bioenergia, nova base tecnológica para convivência da agricultura e pecuária com as alterações climáticas globais e a redução de desequilíbrios sociais e econômicos", explicou.
Uma fonte do Ministério da Agricultura lembrou que a pesquisa agropecuária é fundamental para elevar a produtividade das lavouras. Com os recursos adicionais, a Embrapa recupera o orçamento que teve nos últimos anos. De 1980 a 2000, a instituição teve, em média, de R$ 900 milhões por ano (valor corrigido pela inflação do período). No pico, em 1996, chegou a R$ 1,4 bilhão. Depois, houve uma queda acentuada que se estendeu até 2004/05. "Se continuássemos naquele ritmo, fecharíamos a Embrapa em 2010, com um orçamento de R$ 400 milhões, que não cobriria salários, investimentos e custeio", afirmou Crestana.
O PAC da Embrapa foi desenhado para atender às crescentes demandas da classe produtiva e, em última instância, aos próprios consumidores, que hoje estão mais interessados na relação da nutrição com a saúde. Há pedidos por laboratórios e instalações nos seis estados que ainda não têm unidades da Embrapa. Atualmente, as pesquisas que demandam mais investimentos estão relacionadas à agroenergia, mudanças climáticas e rastreabilidade, temas recorrentes nas discussões internas e nos fóruns internacionais.
Além da questão da pesquisa, uma outra preocupação é com o quadro de funcionários da Embrapa. A idéia é investir parte dos recursos adicionais em aperfeiçoamento e também na renovação de quadro, já que a maioria dos funcionários da Embrapa está formada há 20 ou 30 anos. Nos próximos cinco anos, entre dois mil e 2,5 mil funcionários estarão em condições de se aposentar, de um total de 8,6 mil.
(JC-RS, 23/4/2008)