Aloizio Mercadante (PT-SP) comentou a visita ao Senado, nesta terça-feira (22/04), de delegação da Comissão de Finanças do Senado da França, presidida pelo senador Jean Arthuis. Apesar das dificuldades enfrentadas pelo Brasil no diálogo com países europeus sobre a redução dos subsídios agrícolas que prejudicam as exportações brasileiras para aquele continente, Mercadante avaliou ter mantido um debate "transparente e motivador" com a delegação francesa.
- O primeiro tema de interesse dos franceses é o biocombustível. É um interesse especial sobre o etanol e também sobre o biodiesel. Mas, estamos assistindo, no plano internacional, a vários pronunciamentos do Fundo Monetário Internacional, de autoridades da ONU [Organização das Nações Unidas], de movimentos sociais e de lideranças empresariais, todos preocupados com a alta de preço dos alimentos, que segundo dados da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação], cresceu, em âmbito mundial, 36% com a ausência de estoques e a com pressão de custos - comentou.
Tal preocupação expressada pela FAO, entretanto, foi rechaçada por Mercadante. O senador contestou afirmações de que o programa brasileiro de produção de energia limpa tenha como revés ocupar ou substituir grandes áreas originalmente destinadas à produção agrícola. Conforme ressaltou, o Brasil hoje produz, anualmente, cerca de 140 milhões de toneladas de grãos, quando, há 15 anos, produzia apenas 58 milhões de toneladas. Essa marca foi alcançada, acrescentou Mercadante, com a expansão da área de produção em "apenas oito milhões de hectares".
Em relação à ocupação de áreas agricultáveis para o plantio de cana-de-açúcar para a produção de etanol, Mercadante adiantou aos franceses que a mesma atinge apenas 4% dessas terras no Brasil.
O senador comentou ainda o interesse da comitiva francesa sobre a descoberta de novos campos petrolíferos no Brasil e uma eventual intenção do país em ingressar na Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). Para Mercadante, no entanto, a preocupação maior do Brasil é com a auto-suficiência em petróleo e gás natural, embora o país, caso se confirme o aproveitamento potencial de novos poços a seis mil metros de profundidade, passe a ser um dos oito maiores produtores mundiais.
(Por Domingos Mourão Neto, Agência Senado, 22/04/2008)