(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
direitos indígenas terras indígenas
2008-04-23
O trabalho de pesquisa que deu origem ao recém-lançado relatório foi realizado pelas regionais do Cimi e pelo seu setor de documentação, localizado em Brasília. A coordenação do levantamento foi feita pela profª Lucia Helena Rangel, doutora em Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Trata-se de uma publicação regular da entidade, fundada em 1972. Desde então, dedica-se a coletar, processar e divulgar informações relativas aos povos indígenas no Brasil. O Cimi procura, com tais levantamentos e análises, alertar a sociedade brasileira e as pessoas responsáveis pela elaboração e execução das políticas públicas sobre a situação dos povos indígenas em nosso país, em suas várias dimensões, revelando a necessidade urgente de superação de tal quadro.

O relatório é composto, em sua primeira parte, por artigos que analisam diferentes aspectos do contexto social, político e econômico do período pesquisado, a política e o orçamento indigenista da União e as situações específicas da saúde e da educação escolar indígena.

A partir daí, o documento se subdivide em quatro capítulos:

I - Violência contra o patrimônio indígena;
II - Violência contra a pessoa praticada por particulares e agentes do poder público;
III - Violência provocada por omissão do poder público;
IV - Violência contra os povos indígenas isolados e de pouco contato.


O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão anexo à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançou, em abril deste ano, o relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil – 2006–2007”. Os relatórios do Cimi são retratos repetidos de um mesmo drama: o não-reconhecimento dos direitos históricos dos povos indígenas por determinados setores da sociedade nacional, pelos partidos políticos e respectiva representação política, pelo Poder Executivo nas suas várias instâncias, pelo Poder Judiciário e pelos meios de comunicação.

Os povos indígenas no Brasil foram quase exterminados durante a última ditadura militar (1964–1985). Os militares chegaram a elaborar um plano genocida e etnocida, no qual não haveria mais nenhum povo ou comunidade indígena no país a partir do ano 2000.

As lutas pela redemocratização levaram a sociedade brasileira a definir um caminho para uma nova institucionalidade, que passou pela elaboração de uma nova Constituição, por meio do Congresso Constituinte, de 1987–1988. A elaboração da Constituição de 1988 se deu em um contexto de forte mobilização da sociedade civil brasileira em seus vários segmentos e categorias, ainda na esteira das lutas contra a ditadura militar.

A capacidade de mobilização, o protagonismo e a força política de tais movimentos tiveram reflexos importantes no texto constitucional: apesar de um Congresso conservador e de uma correlação de forças desigual, os setores populares tiveram vitórias significativas naquela que foi chamada de “Constituição Cidadã”.

Os povos indígenas não estavam alheios a este processo histórico, pelo contrário. A grande mobilização indígena durante os trabalhos da Constituinte – com presença constante e vigilante de lideranças de todo o país, articulada com a atuação estratégica de aliados – permitiu a aprovação dos artigos 231 e 232 da nova Constituição. Tal fato significou mudança radical na orientação do Estado brasileiro na sua relação com os povos indígenas.

Segundo a Constituição de 1988, são reconhecidos aos povos indígenas seus territórios, suas tradições, línguas, culturas, o usufruto exclusivo das riquezas existentes em suas terras e suas formas próprias de organização, de representação e de reprodução social.

No entanto, desde o final da década de 1980 até os dias de hoje, dois movimentos contraditórios vêm ocorrendo na sociedade brasileira: por um lado, a permanente busca dos povos e comunidades indígenas pela realização concreta de seus direitos constitucionais; por outro, o permanente aprisionamento do Estado nacional e de suas instituições pelos interesses do Capital. Esta situação de tensão e conflito torna cada conquista indígena fruto de uma luta aguerrida de comunidades altamente mobilizadas, não raro marcada por violências e mortes.

Vivemos, desde a década de 1990, um longo ciclo histórico no qual os setores populares perderam força social, política e capacidade de mobilização e no qual os agentes públicos e privados do Capital retomaram uma agressividade comparável àquela da época do “milagre brasileiro”, durante a ditadura militar. Os raios de sua ação abrangem os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, além da mídia nacional.

Com este pano de fundo, desenrola-se o drama dos povos indígenas na busca pelo reconhecimento de seus direitos territoriais e culturais, de seu direito a um futuro próprio, como povos culturalmente diferenciados no interior do Estado nacional.

Nesta busca, não raramente, os povos indígenas e suas lideranças encontram pela frente a ação destrutiva do agronegócio; a arma apontada em emboscada do pistoleiro; a tropa da Polícia Federal ou Militar; a ordem de despejo do juiz local; a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, contrária aos direitos constitucionais; a omissão ou letargia crônica das instâncias do governo federal; a cumplicidade do governo estadual com os inimigos; o compadrio do prefeito com o fazendeiro; a aliança do deputado ou senador com a mineradora; o argumento mentiroso do invasor do território indígena, estampado na imprensa local e nacional.

Diante de uma sociedade e de um Estado dominados pelos interesses de mercantilização da vida humana e da natureza, repetem-se, ad infinitum, os números, casos e estórias recolhidos pelo Cimi em seus relatórios: estórias de invasões, assassinatos, suicídios, violações de direitos e de ofensas e humilhações sem fim, vividas e sofridas, a cada ano, pelos povos indígenas em nosso país.

Por dentro do relatório

O trabalho de pesquisa que deu origem ao recém-lançado relatório foi realizado pelas regionais do Cimi e pelo seu setor de documentação, localizado em Brasília. A coordenação do levantamento foi feita pela profª Lucia Helena Rangel, doutora em Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Trata-se de uma publicação regular da entidade, fundada em 1972. Desde então, dedica-se a coletar, processar e divulgar informações relativas aos povos indígenas no Brasil. O Cimi procura, com tais levantamentos e análises, alertar a sociedade brasileira e as pessoas responsáveis pela elaboração e execução das políticas públicas sobre a situação dos povos indígenas em nosso país, em suas várias dimensões, revelando a necessidade urgente de superação de tal quadro.

O relatório é composto, em sua primeira parte, por artigos que analisam diferentes aspectos do contexto social, político e econômico do período pesquisado, a política e o orçamento indigenista da União e as situações específicas da saúde e da educação escolar indígena.

A partir daí, o documento se subdivide em quatro capítulos:

I - Violência contra o patrimônio indígena;
II - Violência contra a pessoa praticada por particulares e agentes do poder público;
III - Violência provocada por omissão do poder público;
IV - Violência contra os povos indígenas isolados e de pouco contato.


(Por Paulo Maldos, Envolverde, 23/04/2008)

 

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -