Para professor da USP, as reivindicações do Paraguai fazem sentido, mas Brasil também tem sua parcela de razão
Assim como aconteceu com o gás boliviano, o Brasil enfrenta agora negociações para definir um novo preço para a energia de Itaipu vendida pelo Paraguai. O presidente eleito, Fernando Lugo, quer que o Brasil pague um "preço justo" para as tarifas pela energia elétrica que o país não consome e repassa como excedente ao mercado brasileiro. O Brasil admite negociar as tarifas, mas não quer mexer nos contratos. "Este será mais um braço-de-ferro e mais uma vez o aspecto político deve prevalecer, em detrimento das questões econômicas", afirma o professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Energia Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo ele, as reivindicações do Paraguai fazem sentido, mas o Brasil também tem sua parcela de razão. Ele explica que a tarifa de energia paga pelo Brasil não deve seguir o valor de mercado porque o País endividou-se para construir Itaipu. "Por isso, uma tarifa menor seria justificável, justamente para recuperar o investimento na produção de energia", explica.
Por outro lado, ele questiona o valor pago pelo Brasil, o qual é "insignificante" perto da necessidade de energia do País. "O que são US$ 307 milhões por 19% da necessidade de energia que temos? Tudo vai depender de quando isso for negociado. Em um momento de escassez de energia, os US$ 2 bilhões pedidos por Lugo serão justos", afirma.
Para o professor, portanto, nenhuma das duas posições é completamente equilibrada. "E o pior é que a discussão ficará em cima de aspectos políticos, enquanto a preocupação deveria ser outra: acertar o preço rapidamente, acertar o modelo de desenvolvimento do bloco Mercosul e ir para frente", explica.
(Agência Estado, 22/04/2008)