As emissões de gases com efeito de estufa de Portugal em 2006 ultrapassaram em 13 por cento o limite fixado pelo Protocolo de Quioto. A Quercus lamenta a “incapacidade” do país implementar o Programa Nacional para as Alterações Climáticas, em especial no sector do transporte rodoviário.
Segundo o Protocolo de Quioto, Portugal poderia aumentar as suas emissões destes gases em 27 por cento até 2012, por referência a 1990. Mas em 2006, esse aumento era já de 40 por cento.
Em 2006, as emissões atingiram 82,7 milhões de toneladas (sem incluir o uso do solo, alteração de uso do solo e floresta), significando uma emissão per capita de 8,27 toneladas/ano, segundo as contas da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza ao analisar os dados publicados na semana passada pela Convenção Quadro da ONU para as Alterações Climáticas.
Em 2006 registou-se no sector da produção de electricidade uma redução de três milhões de toneladas de dióxido de carbono entre 2005 e 2006 devido, em parte, a uma “forte redução das emissões no sector da produção de electricidade” – devido ao aumento da produção hídrica em 5700 GWh – e a uma redução das emissões na produção térmica. Além disso, houve ainda um incremento da produção de origem eólica de 1200 GWh.
No sector dos serviços houve uma redução do consumo de gasóleo e de gás butano e propano nos sectores dos serviços e residencial, “o que poderá, eventualmente, ser resultado do Inverno mais ameno que se fez sentir em 2006”. Tal significou uma redução de 1,1 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
Estes dados, segundo a Quercus, “continuam a mostrar a dificuldade de Portugal em cumprir o Protocolo de Quioto”. A associação lamenta a “incapacidade de implementação de muitas medidas do Programa Nacional para as Alterações Climáticas para a redução das emissões, em particular na área do transporte rodoviário”. A política continua a “passar pela construção de mais estradas e auto-estradas, em detrimento de uma mobilidade mais sustentável”.
(Ecosfera, 21/04/2008)