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2008-04-23

O preço médio da gasolina voltou a bater recordes nos postos dos Estados Unidos nesta terça-feira, seguindo o mesmo caminho do barril de petróleo, o que tem se refletindo em um bom período para o etanol e os veículos híbridos.

O preço médio do galão de gasolina ficou em US$ 3,51 (US$ 0,92 por litro), de acordo com os dados da AAA (Associação de Automobilistas dos EUA), depois que o barril de petróleo atingiu US$ 118,05, em Nova York, superando o recorde anterior de US$ 117,83 registrado na segunda-feira.

O preço do combustível nos postos de gasolina americanos supera em muito o recorde anterior, registrado em março de 1981, quando o galão (3,79 litros) foi vendido a US$ 1,41, o que, em números ajustados com a inflação, corresponderia hoje a US$ 3,41.

A previsão para os próximos meses não é promissora, tendo em vista que se aproxima a temporada de verão nos Estados Unidos, que coincide para muitos com as férias e com isso se multiplicam as viagens em automóveis.

Os analistas estão convencidos de que o preço da gasolina atingirá o valor médio de US$ 4 o galão, o que era impensável até pouco tempo atrás. No estado da Califórnia, alguns postos de gasolina já estão cobrando preços de até US$ 4,59 por galão.

A reação dos motoristas americanos, por enquanto, tem sido de duas formas: diminuição do uso do automóvel e aquisição de veículos que consomem menos gasolina ou que funcionam com combustíveis alternativos, como o etanol.

De acordo com a companhia de pesquisa de mercados R.L. Polk, em 2007, as vendas de veículos híbridos --que combinam motores de combustão com motores elétricos para obter uma significativa redução do consumo-- dispararam, totalizando 350.289 unidades.

O grande beneficiado dessa tendência parece ser a fabricante japonesa Toyota, que se transformou na porta-bandeira da tecnologia híbrida. Seu modelo Prius --o primeiro carro desenhado especialmente para ser um híbrido-- vendeu no ano passado 179.178 unidades nos EUA, mais de 51% do total de híbridos vendidos no país.

Ainda segundo os dados da Polk, 55% dos compradores de híbridos possuíam anteriormente um veículo de tamanho médio, um utilitário ou um carro pequeno. Por estados, a Califórnia foi o território onde mais se vendeu veículos híbridos em 2007. A Califórnia comercializou 91.416 unidades, 26,1% do total. Flórida e Nova York vêm em seguida com 5,5% e 5% das vendas totais, respectivamente.

Já as vendas dos utilitários estão caindo rapidamente. A demanda por esse tipo de carro de grandes dimensões --que consome muita gasolina-- diminuiu em 15,4% em março, comparando-se com o mesmo período de 2007, conforme apontou o jornal americano "USA Today".

A redução na venda de picapes --outra das categorias preferidas pelos motoristas americanos-- foi de 12,6% no mesmo período. A queda ocorreu mesmo diante da alternativa que alguns destes veículos proporcionam, por estarem preparados para consumir o E85, um combustível alternativo fruto da mistura de 85% de álcool vegetal etanol e 15% de gasolina.

Etanol
A produção de etanol nos Estados Unidos --principalmente a partir do milho-- disparou nos últimos anos, em grande parte graças aos fortes subsídios do governo. Somente este ano, espera-se que os EUA produzirão 34 bilhões de litros de etanol em suas 154 refinarias, 10 bilhões de litros a mais do que no ano passado.

Os subsídios também podem ser vistos como os responsáveis pela manutenção dos preços do etanol abaixo do da gasolina. De acordo com dados do site E85prices.com, o preço médio do etanol no país nos últimos 30 dias foi de US$ 2,8 por galão (contra os US$ 3,32 por galão da gasolina).

Mas o que parecia ser uma solução, trazendo certo alívio aos consumidores, está começando a se revelar um problema crescente. Em primeiro lugar, os veículos que utilizam etanol consomem mais combustível que o de automóveis abastecidos exclusivamente por gasolina.

Cada vez mais estudos e especialistas consideram que o impulso dado na produção de etanol a partir de grãos como o milho, está causando o aumento dos preços de alimentos básicos em todo o mundo.

(Efe, Folha Online, 22/04/2008)


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