Pode-se autoclassificar como ambientalmente responsável uma empresa que mantém substâncias poluentes em um de seus produtos, causando com isso sérios problemas de saúde? “Não”, foi a resposta do Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) que, reunido na semana passada, decidiu suspender duas campanhas da Petrobras.
O pedido de análise partiu de um grupo de instituições governamentais e ONGs, que acusou a estatal de anunciar um comprometimento com o ambiente que não seria verdadeiro, pois ela não vem obedecendo ao cronograma de redução da taxa de enxofre no diesel brasileiro, conforme determina resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), editada em 2002.
Entre as instituições que reclamaram ao Conar, estão inclusive as secretarias ambientais municipal e estadual de São Paulo. Conforme pesquisa apresentada na reunião, da Faculdade de Medicina da USP, a poluição na região metropolitana de São Paulo promove a morte precoce de 2 mil pessoas por ano.
Segundo a Resolução 315, de 2002, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), o diesel comercializado no país deve apresentar a concentração máxima de até 50 partes por milhão de enxofre até janeiro próximo. Hoje, ela varia entre 500 ppm, no combustível comercializado em Belo Horizonte, Rio, São Paulo e outros 234 municípios, e 2.000 ppm nas demais 5.300 cidades. O enxofre é científica e diretamente associado a maior incidência de câncer e de doenças cardiovasculares e respiratórias.
Em nota distribuída à imprensa, a Petrobras afirma que tem o compromisso de disponibilizar o diesel 50 ppm (partícula de enxofre por milhão) em janeiro de 2009 e antecipa que vai recorrer da decisão do Conar.
(
Ambiente Brasil, 22/04/2008)