A União da Indústria de Cana-de-Açúcar informou quinta-feira (17/04), que a próxima safra de cana deverá ser a maior da história, com 498,1 milhões de toneladas colhidas. O número é 16% maior que o da safra anterior, quando foram colhidas 431,2 milhões de toneladas de cana. Mesmo com este aumento, o presidente da Unica, Marcos Jank, continua jurando de pé junto que a cana não vai utilizar áreas nativas de Cerrado e muito menos da Amazônia.
Segundo os números divulgados pela entidade, na próxima safra, que começou este mês, a produção de açúcar deve ser 9% maior do que o resultado obtido no ano anterior e deve chegar a 28,6 milhões de toneladas do produto. A produção de álcool terá aumento de 19%, com um total de 24,3 bilhões de litros.
Biocombustível, meu amor!O presidente Lula não perde uma oportunidade para incensar os biocombustíveis brazucas, mesmo que eles não sejam assim tão queridos por aqui e lá fora. Esta semana, ele defendeu a produção dos carburantes em países em desenvolvimento, afirmando estar espantando com quem tenta "estabelecer relação de causa e efeito entre biocombustíveis e alta dos preços dos alimentos”. Segundo ele, subsídios agrícolas, preço do petróleo e o monopólio da fabricação de fertilizantes deveriam estar na pauta, pois pesariam no custo de produção de alimentos. Lula também disse, conforme nota do Ministério da Agricultura, que os biocombustíveis "aliam questões ambientais e sociais", proporcionando renda a agricultores e reduzindo impactos do aquecimento global.
Talvez seja culpa de seus assessores, mas o presidente poderia se interessar um pouco pelo contraditório e não apenas pelo que o setor produtivo lhe susurra ao ouvido. Ele teria outros argumentos na balança, por exemplo, se lesse O Eco ou interessante reportagem publicada dia desses no New York Times pela jornalista Elizabeth Rosenthal. Ela mostra que estudos da renomada revista Science mostram outra face dos biocombustíveis: ligada à emissão de mais gases de efeito-estufa e atrelada à destruição de savanas como o Cerrado.
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O Eco, 17/04/2008)