Árvores são inadequadas para arborização urbana
Quem passa pela rua Osvaldo Aranha em dias de sol forte é presenteado com a bela sombra proporcionada pelo “túnel verde” que cobre as quadras do centro. São belas e imponentes árvores que, de tão grandes, fecharam-se sobre a rua. Mas, a realidade embaixo da terra contrasta com a beleza das plantas.
As árvores plantadas no centro da cidade são Tipuanas, uma espécie de crescimento rápido, cujas raízes são fortes e podem se espalhar por uma grande área. Por isso, proprietários de prédios na região têm sofrido transtornos com rachaduras que, acreditam, podem ter sido causadas pelas raízes das plantas. A tipuana, explica a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), está entre as espécies cujo plantio não é recomendado para arborização urbana. Apesar disso, as árvores do centro foram plantadas pela administração há cerca de 16 anos.
Conforme a atual bióloga da Semma, Mariana Faria-Corrêa, na época não houve orientação técnica para realizar o plantio. Por isso, a intenção da secretaria é substituir as árvores por espécies mais adequadas. Até agora, as plantas não foram retiradas por uma série de questões, entre elas a opinião da população. “Recomendamos à população que não plante tipuanas porque, apesar de serem bonitas e de crescimento rápido, são incompatíveis com o passeio público. Com relação ao calçadão e a quadra anterior, a decisão de retirá-las ou não depende de uma série de fatores já que envolve diversos aspectos da cidade e seus habitantes, além do comércio. Para muitos o 'túnel verde' é um cartão postal de Venâncio”, diz Mariana, explicando que muitas pessoas se mostraram contra a remoção. “O que a Semma não quer é fazer algo sem planejamento. A substituição das tipuanas deve ser feita de maneira planejada e gradual”.
Entre as sugestões apresentadas pela secretaria para resolver a questão está a apresentação de um projeto de arborização para as quadras como um todo, prevendo a retirada intercalada e o plantio de novas mudas e a realização de uma audiência pública para ouvir a opinião da população. Porém, a bióloga ressalta que não há laudos comprovando que as plantas sejam a causa das rachaduras nos prédios. Inclusive porque a maioria das construções são antigas e foram reestruturadas ao longo dos anos, o que, juntamente com os períodos de estiagem, pode ter colaborado para o aparecimento de rachaduras.
(Por Rozana Ellwanger, Folha do Mate, 22/04/2008)