A situação na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Hulha Negra, permanece tensa
A proximidade do prazo dado pela Justiça Federal para que os cerca de 25 ocupantes, mais de dez deles crianças, deixem o local (o prazo finda hoje à noite), faz com que cinco policiais da Brigada Militar e a família da proprietária, Rosa Alice Salles, permaneçam em vigília.
Ontem (21), por volta do meio-dia, Rosa esteve na Fazenda para verificar a saúde de um boi que estava doente. Rosa e seus dois filhos, Léo e Liana, tiveram que ser escoltados pela BM até o interior da propriedade. “Mesmo com a decisão judicial de reintegração de posse ainda não tenho acesso livre”, lamenta ela. Depois da visita, que durou cerca de uma hora, a família montou acampamento a alguns quilômetros da entrada da Fazenda, aguardando a saída dos ocupantes. Rosa contou que os ocupantes utilizam seus pertences, parecendo tão à vontade como se estivessem em sua própria casa. “As minhas coisas e as coisas deles estão misturadas”, conta.
Ontem ela buscou do local Zilmar Rodrigues Amador, que mora na Fazenda e cuidava de tudo lá, sendo definido por ela como seu “parceiro rural”. Ele, que ficou todo o tempo lá, disse que não houve nenhum comportamento agressivo dos ocupantes e que a convivência foi de paz.
Próximos passos
A imprensa não pode entrar no local, mas a reportagem do jornal Minuano conversou no bloqueio da BM com dois representantes dos ocupantes, que são trabalhadores rurais sem-terra, mas não pertencem ao MST. Carlos Henriques Antunes e Alberico Vargas ressaltaram que não foram ao local por conta própria e que estão amparados pela lei. “Estamos aguardando a entrada de um recurso que deve ocorrer hoje de manhã para anular a reintegração. Se for o caso, vamos sair de forma pacífica”, comenta Antunes. “Só viemos porque o Incra liberou”, acrescenta Vargas.
Os colonos aguardam transporte para a saída e devem ficar assentados em local próximo até a decisão da audiência que ocorre na próxima sexta-feira. Eles acreditam que a desocupação de Rosa Alice deve ser declarada logo, quando eles pretendem voltar para a área. “Ainda temos familiares para trazer e as crianças estão com toda documentação escolar para voltar para a escola. Não pudemos fazer nada disso ainda por esse impasse judicial. Nem sabíamos que essa senhora estava aqui”, revelou Antunes, referindo-se à Rosa Alice.
O superintendente estadual do Incra, Artur Mozart, deve entrar com pedido de anulação da reintegração ainda hoje.
(Por Maritza Paiva Costa, Jornal Minuano, 22/04/2008)