O presidente da Hidrelétrica de Itaipu, Jorge Samek, disse esta segunda-feira que o tratado entre o Brasil e o Paraguai para a construção do complexo foi justo, feito em "época de paz" e beneficia diretamente os dois países. Assim como o presidente Lula, Samek não concorda com a possibilidade de revisão do contrato, como prega o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, e diz que alterações nesse sentido terminariam em calote na dívida de US$ 19 bilhões com organismos internacionais.
- Esse tratado passou pelo aval dos dois Congressos, feito em época de paz e de maneira muito justa. Diferentemente do que aconteceu com a questão do gás, quando o acordo entre a Bolívia e o Brasil passou apenas pelas mãos dos dois presidentes da época - disse Samek, que emendou: - O empréstimo (US$ 100 milhões) que Itaipu conseguiu foi porque havia o compromisso desse contrato ser mantido nos primeiros 50 anos.
Assinado em 1973, o acordo vai até 2023. Samek acredita que a dívida será paga um ano antes do fim do contrato.
Segundo Samek, ao contrário do debate que dominou a campanha eleitoral do país vizinho, Itaipu tem servido para ajudar no desenvolvimento do Paraguai. Ele diz que o preço pago pela energia produzida na hidrelétrica é igual para os dois países, e que há desinformação sobre os valores repassados aos dois países. O presidente da Itaipu rebate com números as investidas de Lugo contra a empresa:
- O Brasil paga US$ 39 por megawatz, mais os US$ 2,80 (de cessão de energia). O que são esses US$ 39? É para pagar a usina, que é metade do Brasil e metade do Paraguai. Trata-se de um investimento que vale hoje US$ 60 bilhões, US$ 30 bilhões para cada. O PIB do Paraguai é de US$ 10 bilhões, o que significa que eles (os paraguaios) estão pagando pelo empreendimento que é três vezes maior que o PIB deles. Quando terminar de pagar a dívida em 2022, eles vão sentar sobre uma casa da moeda.
(Flávio Freire, O Globo, 21/04/2008)