O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira em Acra, em Gana, na África, que a "guerra de informações" em torno dos biocombustíveis e a crise alimentar mundial sequer começou. E demonstrou que, se depender dele, a cacofonia vai se alongar. Hoje, durante a reunião da Unctad (Conferência das Nações Unidas pelo Comércio e Desenvolvimento), em Acra, Lula voltou ao assunto. Desta vez, o presidente enfatizou: o etanol da cana não ameaça invadir a Amazônia, não prejudica a produção de alimentos, não envolve subsídios, reduz a poluição, e é "sete vezes mais eficiente" que o etanol a base de milho, produzido pelos Estados Unidos.
- A batalha ainda nem começou. Ainda estamos na fase das estratégias intelectuais, ou seja, dos cientistas. Olha, eu acho que é uma guerra em que o mundo vai ganhar, não é só Brasil. O Brasil apenas é o espelho mais forte do que pode acontecer com o biodiesel no mundo - explicou o presidente brasileiro, em entrevista antes de deixar Gana e retornar ao Brasil, à tarde.
Antes, no discurso que fez na conferência da ONU, Lula voltou a atacar o protecionismo milionário dos países ricos, cobrou ajudas prometidas e nunca cumpridas, pediu maior fomento do Banco Mundial e FMI. Citou a África como exemplo para cobrar dos ricos:
- Embora tenha 12% da população do mundo, a participação relativa do continente (africano) na riqueza mundial limita-se a 2,2%, e, no caso das exportações, a 2,7% - disse Lula, explicando que embora alguns países africanos estejam crescendo com taxas aceleradas, a situação geral é preocupante. - É preocupante observar que poucos países desenvolvidos cumpriram a meta de conceder 0,7% de seu PIB para ajuda oficial ao desenvolvimento - afirmou, lembrando o acordo firmado em Monterrey, em 2002.
(Soraya Aggege, O Globo, 21/04/2008)