Situação se agravou nos últimos meses, devido à falta de chuvas fortes. Solução é economizar água

Caxias do Sul - A estiagem que assola o Estado altera também a rotina de comunidades do interior de Caxias do Sul. Produtores rurais e criadores precisam reinventar diferentes maneiras de fazer atividades do dia-a-dia devido à escassez de água na região. Matar a sede dos porcos, irrigar plantações e até mesmo cumprir tarefas rotineiras como lavar roupa, louça e tomar banho, por exemplo, são ações que precisam de uma programação que beira o racionamento conhecido por moradores da cidade.

A seca tornou a água um bem precioso no interior. Basta um passeio pelas estradas vicinais para constatar açudes vazios e canos tomados por poeira. Nem a chuva da última semana amenizou a situação. Entretanto, é a criatividade, aliada a um racionamento preventivo, que tem segurado o desenvolvimento econômico e mantido vivas as plantações nas localidades rurais caxienses.

Enquanto os moradores da cidade vêem o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) apresentar relatórios preocupantes de quedas diárias no nível das represas e temem por um provável racionamento, agricultores decidiram controlar o uso do líquido. A iniciativa, contudo, não é espontânea. Decorre da necessidade e do medo de não dispor do bem natural no futuro.

- Se a gente não poupar, não vai ter amanhã. Essa é a única maneira de continuar vivendo e trabalhando - diz o agricultor Paulino Cosma, 40 anos, morador da localidade de Santa Bárbara de Ana Rech.

- Aqui, nós não temos como ligar para o Samae e esperar que eles resolvam o problema da falta dágua. Nós mesmos temos de dar um jeito - compara Everaldo Klering, 37, produtor de Loreto.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, não há indícios de que a seca tenha causado prejuízos aos produtores da cidade.

- A estiagem de agora é reflexo da falta de chuvas que se estende por três anos na região. Só é contornável por meio do racionamento - sugere.

Segundo cálculos de agricultores, o efeito cumulativo da seca acarretou queda de 30% a 40% na disponibilidade de água no interior.

Nível das represas
Maestra
- 18 de abril: -2,90 m
- 14 de abril: -2,70 m

Samuara
- 18 de abril: -0,83 m
- 14 de abril: -0,76 m

Dal Bó
- 18 de abril: -1,98 m
- 14 de abril: -1,86 m

Faxinal
-Ontem: cerca de -3,30 m (medição visual feita pelo Pioneiro no início da tarde)
- 18 de abril: -3,20 m
- 14 de abril: -3,05 m

No Estado
99 municípios já decretaram situação de emergência devido à estiagem. O mais recente foi Nova Alvorada, na região Nordeste.

(Por Fabio da Câmara, Pioneiro, 21/04/2008)