O deputado Dionilso Marcon (PT) denunciou, na sexta-feira (18/04), que a sua condição de deputado estadual foi violada pelo comandante Regional da Brigada Militar, responsável pela desocupação da Fazenda Southall , no município de São Gabriel. Segundo Marcon, antecipadamente e por respeito, fez dois contatos telefônicos, com o comandante Geral da Brigada Militar, coronel Nilson Nobre Bueno. Na conversa o deputado informou que acompanharia o processo de desocupação e recebeu a autorização do comandante geral para que ultrapassasse qualquer impedimento e tivesse acesso, como representante do Poder Legislativo, ao local do conflito para acompanhar o fato.
No entanto, segundo o parlamentar, o oficial responsável, pela primeira barreira já se negou a cumprir a ordem, mesmo sendo informado pelo deputado que estava autorizado, se identificou e solicitou a passagem. O oficial se negou a atender ao pedido e afirmou se tratar de determinação do Coronel Lauro Binsfeld, Comandante Regional Fronteira Oeste. Imediatamente o deputado ligou para o chefe da Casa Civil, Cezar Busatto, pedindo esclarecimentos e relatou o desrespeito ao Poder Legislativo.
Também comunicou o fato à assessoria do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Alceu Moreira, que até o fechamento desta edição, ainda não havia entrado em contato com Marcon. O deputado petista vai exigir que o comando regional seja responsabilizado pelo ato, pois, segundo ele, foi um membro do Poder Legislativo que deixou de exercer seu direito constitucional promulgado na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.
Ataque de Ruralistas ligados a Farsul
Impedido de seguir até á área do conflito, o deputado Marcon retornava a São Gabriel. Junto com ele estavam sindicalistas que prestavam solidariedade aos agricultores sem terra, juntamente com a assessoria do deputado federal Adão Pretto (PT). Ambos foram surpreendidos e atacados por um grupo de ruralistas — que vestiam camisetas e bonés da Farsul e empunhava bandeira do sindicato rural de São Gabriel — na estrada vicinal que dá acesso a Fazenda Southall.
Segundo o deputado Marcon, um veículo pertencente ao grupo de latifundiários foi atravessado de forma intencional no meio da estrada com o objetivo de impedir a passagem dos dois veículos que trafegavam de volta a cidade. Os veículos, interceptados, foram obrigados a seguir por um desvio forçado (um dos automóveis estava o deputado Marcon e outro, uma Kombi, do sindicato dos servidores da UFSM - Universidade Federal de Santa Maria).
Quando a Kombi tentou a travessia, foram barrados e cerca de 30 pessoas (homens, mulheres e adolescentes) tentaram viram o veículo. Como fracassaram na tentativa, rasgaram o pneu traseiro direito da Kombi a faca, que teve parar. O veículo do deputado também foi cercado e os ruralistas do acampamento do sindicato Rural da Farsul tentaram quebrar o veículo a pauladas e furar os pneus.
Segundo o petista, muitos ruralistas portavam armas e alguns se comportavam como jagunços. Segundo ele, usavam linguajar chulo e ofenderam o parlamentar, os sindicalistas e a assessoria do deputado Adão Pretto. Neste momento o deputado, os sindicalistas e os assessores do deputado Adão Pretto prestam depoimento ao delegado da cidade de São Gabriel. Os sindicalistas afirmaram que foram ameaçados e só não foram agredidos por que estavam com os vidros do carro fechado. O deputado também está prestando depoimento neste momento.
(Por Kiko Machado, Agência de Notícias AL-RS, 18/04/2008)