A epidemia da dengue ameaça o status favorável que o Brasil conquistou no setor econômico e revela o "lado escuro do Rio de Janeiro", diz uma reportagem publicada nesta segunda-feira no jornal americano "Los Angeles Times".
"O país parece propenso a conquistar o status de primeiro mundo. Mas moradores da auto-proclamada cidade maravilhosa estão preocupados e irritados com uma aflição do terceiro mundo --a dengue", diz o texto.
O jornal traz números de autoridades de saúde brasileiras e afirma que, até a última sexta-feira, a doença teria matado pelo menos 87 pessoas no Estado do Rio de Janeiro e mais de 93 mil teriam sido infectadas. Segundo a matéria, "a maioria dos casos teria acontecido na cidade do Rio, a principal atração turística do Brasil".
Segundo o jornal, os cariocas não estariam culpando o mosquito transmissor da doença, Aedes aegypti, pela epidemia, mas "atacando o que chamariam de uma resposta tardia e confusa do governo" por causa da lentidão nas ações de fumigação.
O "Los Angeles Times" compara a reação das autoridades brasileiras, que "se acusam mutuamente" com um jogo de acusações similar ao que aconteceu durante a crise provocada pelo furacão Katrina, nos Estados Unidos.
Outra comparação feita pela reportagem é baseada na afirmação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de que "é preciso combater a dengue do mesmo modo que não podemos tolerar a ocupação das favelas pelos traficantes de drogas".
De acordo com o jornal, assim como a guerra entre os policiais e os traficantes nas favelas, a epidemia da dengue "se transformou em uma mancha na imagem glamourosa do Rio".
Segundo o diário americano, há relatos de uma diminuição no número de reservas em hotéis da cidade, apesar da acusação de alguns críticos de que o governo estaria "colocando panos quentes na epidemia para não assustar os turistas".
No entanto, diz o jornal, "a notícia já se espalhou" e as embaixadas de vários países já estariam alertando os turistas sobre as prevenções.
(Folha online, com informações da BBC, 21/04/2008)