As chuvas intensas devem continuar no Amazonas nos próximos dias, segundo previsão meteorológica do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Diante disso, o governo estadual segue em estado de alerta, sobretudo em relação aos oito municípios localizados ao longo dos rios Juruá (sudoeste) e Madeira (sudeste). Nesta semana, foi decretada situação de emergência nessas áreas por causa da cheia dos rios, que atingiu cerca de 51 mil pessoas. Algumas famílias ficaram desabrigadas, e outras convivem com alagamentos.
De acordo com o coordenador estadual da Defesa Civil, Roberto Rocha, oito equipes estão sendo preparadas para atuar nos municípios de Borba, Eirunepé, Guajará, Ipixuna, Itamarati, Humaitá, Manicoré e Nova Olinda do Norte. A previsão é que, na próxima semana, elas comecem uma operação de distribuição de mantimentos, medicamentos, redes, mosquiteiros e outros artigos que possam ajudar as vítimas da cheia.
"De Manaus sairão algumas pessoas que vão se juntar às equipes da Defesa Civil já presentes nos municípios atingidos. Tudo será feito sob a coordenação do governo estadual. Pelo menos 50 pessoas estarão nessas localidades com a missão de prestar toda ajuda necessária", informou Rocha.
Dados do Sipam apontam que Borba, Nova Olinda do Norte e Humaitá - todos à beira do Rio Madeira - foram os municípios mais atingidos pelas chuvas ao longo desta semana. Segundo as previsões do Sipam, é nessa região que está a maior probabilidade de chuvas.
Só em Humaitá, 1.975 famílias foram atingidas pelas chuvas. Dessas, 180 estão desabrigadas. "Os desabrigados estão alojados em repartições públicas, casas de parentes ou alugadas pela prefeitura", disse o coordenador estadual da Defesa Civil.
A analista gerencial e meteorologista do Sipam Aparecida Fernandes explicou que a atual cheia dos rios no Amazonas está relacionada ao aumento das chuvas, desde março, na Bolívia e ao fenômeno La Niña, que provoca o resfriamento anormal do Oceano Pacífico, ocasionando um prolongamento do período chuvoso no Brasil. "Nos últimos 60 dias, choveu muito na Bolívia e essas águas escorrem para o Brasil, sobretudo para o rio Madeira", comentou.
Informações do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) indicam que o nível das águas dos rios Madeira e Juruá continuam em elevação nas estações monitoradas no Amazonas. Na calha do Rio Juruá, "o nível d'água volta a subir, ficando próximo da cota de emergência nas duas estações monitoradas, no caso Ipixuna e Eirunepé, estando apenas a 27 e 44 centímetros da cota de emergência, respectivamente", informa o 11º Boletim do Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil.
(Por Amanda Mota, Agência Brasil, 18/04/2008)