Cerca de 60 índios Guarani-Kaiowá encerraram na sexta-feira (18/04), em São Paulo, uma peregrinação de uma semana, organizada com o objetivo de cobrar uma solução para questão fundiária da etnia. Depois de passar por Campo Grande e Brasília, eles participaram do seminário O Caso Guarani Kaiowá: uma história de violação dos Diretos Humanos, realizado na sede da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O grupo reivindica a posse de áreas tradicionalmente ocupadas por suas tribos.
De acordo com os representantes das comunidades Kaiowá que discursaram durante o evento, os índios da etnia que viviam espalhados pelo Mato Grosso do Sul foram espremidos em pequenos territórios demarcados pelo governo a partir de 1915. Esse processo, dizem eles, resultou em conflitos entre membros da própria etnia e em dificuldades de subsistência devido à escassez de área para caça e pesca.
Agora, eles lutam pela posse de seus antigos territórios, muitos deles já ocupados por agricultores e pecuaristas que chegaram à região no século XX. Usam como argumento a Constituição Federal, que prevê a destinação para os povos indígenas de todos os territórios tradicionalmente ocupados por eles.
“O problema é que não existe no país uma política pública para resolver essa questão. Política pública no Brasil é para resolver problema de político, de banqueiro”, disse Anastácio Peralta - ou Avakuarahy Rendeju, em língua indígena -, um dos membros da comissão de diretos indígenas da etnia. “O que predomina no país é a mentalidade exploradora, que beneficia os agricultores.”
Segundo Peralta, a luta dos Guarani-Kaiowá não é só pelo território, mas também pela manutenção da tradição da etnia. “Não somos nós que somos donos da terra, a terra é que a nossa dona”, afirmou. “Queremos viver e morrer ali. Ser feliz.”
(Por Vinicius Konchinski, Agência Brasil, 18/04/2008)