Representantes de 17 etnias indígenas brasileiras e ambientalistas aproveitaram o Dia do Índio, comemorado no sábado (19/04), para realizar uma manifestação em defesa do sistema lagunar e do sítio arqueológico localizados na região oceânica de Niterói (RJ) e ameaçados pelos empreendimentos imobiliários da região que é considerada uma área nobre do município.
A manifestação contou com cerca de 200 pessoas e foi realizada na aldeia Tekoa Itarypu, habitadas por índios Guarani M-ba, em Camboinhas, próxima ao canal de Itaipu.
Segundo Arão da Providência, diretor do Centro de Etnia Conhecimento Sócio-Ambiental Cauieré, a manifestação tem o objetivo de “proteger o sítio arqueológico e os cinco cemitérios indígenas e impedir que a prefeitura de Niterói leve adiante as autorizações já concedidas para que sejam construídos condomínios residenciais no local”.
De acordo com ele, a autorização para a construção de casas e prédios no local foi embargada pela Justiça Federal – uma vez que a área protegida por lei federal vai da Ilha do Pontal, passando pelas praias do Sossego, Sambaqui, Camboinhas, Duna Pequena e Duna Grande.
“Há ainda em toda essa questão a preocupação com a questão ambiental, uma vez que o importante sistema lagunar formado pelas Lagoas de Itaipu e Priritininga – unidas pelo canal de Camboatá - ficará ameaçado de degradação ambiental”, ressalta.
Além da aldeia urbana de Tekoa, existem outras cinco no estado do Rio de Janeiro: Bracuí, em Angra dos Reis, no litoral sul do estado; e Paratimirim, Mamamguá, Rio Pequeno e Itaxim – todas em Parati, também município do litoral Sul.
Além dos protestos que serão feitos na região oceânica de Niterói, as 17 etnias presentes à aldeia Tekoa irão inaugurar a Casa de Reza da Aldeia, construída pelos próprios moradores, com a realização de rituais religiosos indígenas. Para comemorar o Dia do Índio, ainda haverá a apresentação do Coral Guarani e de danças típicas, envolvendo todas as etnias presentes – como a Pataxó, Tucano, Kri Kati, Xavante, e Guajajara, entre outras.
Segundo Arão, os índios de Tekoa Itarypu pertencem a uma das mais importantes etnias do tronco lingüístico Tupi-Guarani. A aldeia é composta por 20 jovens, cinco idosos e 25 crianças – que não falam bem o português.
(Por Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 19/04/2008)