Em entrevista concedida à imprensa neste sábado (19/04), Dia do Índio, o presidente da Funai, Márcio Meira, classificou a ação do grupo de produtores rurais contrário à desocupação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) como "criminosa e ilegal". Márcio Meira falou à Rádio Nacional, após reunião com o presidente Lula e lideranças indígenas no Palácio do Planalto em Brasília.
Para o presidente da Funai, a ação do grupo liderado pelo empresário arrozeiro Paulo César Quartiero é criminosa por usar artifícios como "explosão de pontes" e "bombas caseiras". E também a chamou de ilegal por não ter cumprido, pacificamente, o prazo para deixar a região. O decreto de homologação da terra indígena foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio de 2005.
De acordo com o Meira, a imagem de conflitos entre as etnias indígenas que convivem na reserva, que o grupo de resistência tem tentado passar, não seria verdadeira. "A maioria absoluta dos cerca de 18 mil indígenas que vivem na região aguarda que seja cumprida a retirada dos empresários que resistem na região", afirmou.
Sobre a tensão causada pela resistência, o presidente da entidade comentou que a situação está totalmente sob controle, que os indígenas aguardam a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que recentemente suspendeu uma ação policial federal na reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, para retirada de não-índios da região.
Soberania
Conforme a Folha Online apurou, nesta sexta-feira (18/04), o presidente da Funai reiterou que não há riscos à soberania nacional em decorrência da manutenção das demarcações de terras indígenas de forma contínua.
Segundo Márcio Meira, muitos dos soldados são de origem indígena, o que garantiria a soberania nacional. "Os povos indígenas sempre tiveram nas fronteiras brasileiras, defendendo o Brasil. O maior contingente de soldados nas fronteiras é formado por indígenas. As terras indígenas são terras da União e, portanto, tem um caráter de soberania", disse.
(Folha online, 20/04/2008)