O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, rebateu as críticas de várias lideranças mundiais sobre o aumento da produção de biocombustível, que seria responsável pelo aumento dos preços dos alimentos no mercado mundial e pela escassez em países pobres. Ao ser questionado sobre a opinião do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que classificou os biocombustíveis como 'um problema moral', Amorim lembrou que o FMI pode ajudar a combater a alta dos preços dos alimentos.
'Se o FMI puder ajudar para que países africanos e latino-americanos mais pobres possam produzir biocombustíveis para entrar sem barreiras nos países ricos, eles estarão ajudando a renda desses países, e é com renda que você obtém os alimentos', afirmou. Segundo Strauss-Kahn, a alta dos preços dos alimentos poderá gerar a queda de governos e até guerras.
Em Brasília, onde participou durante esta semana da Conferência da ONU para Agricultura e Alimentação, o diretor-geral da entidade, Jacques Diouf, disse que já havia alertado sobre a falta de alimentos resultando em aumento da violência mundial. Após assinar acordos de cooperação na área agrícola com Diouf, Amorim reafirmou que no Brasil a produção de etanol aumentou junto com a produção de alimentos. Defendeu o manejo responsável agrícola e a distribuição da renda, para que os alimentos cheguem à mesa das populações dos países pobres. 'Que me conste, o alimento não estava chegando ao pobre antes. Nunca estava chegando, e ninguém estava reclamando', criticou.
(Correio do Povo, 19/04/2008)