Os 700 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) deixaram ontem a sede da fazenda Southall, em São Gabriel. Por força de um habeas corpus coletivo, os colonos não foram revistados nem identificados pela Brigada Militar. Eles foram conduzidos para uma área de 120 hectares, pertencente ao Incra, distante 16 quilômetros da fazenda, situada no distrito de Suspiro. Apesar de não haver hostilidades, os ruralistas ficaram revoltados. Eles prevêem que os sem-terra podem, a partir dali, invadir outras propriedades da região. À tarde, foi realizada uma perícia na fazenda para avaliar possíveis estragos.
A saída dos colonos começou às 9h20min, quando os primeiros cinco ônibus partiram da Southall. Foi usada uma rota na direção oposta ao acampamento dos ruralistas. Algumas viaturas da Brigada Militar fizeram a vigilância durante o trajeto dos sem-terra, sem, no entanto, chegar perto dos coletivos. A BM foi rígida com a imprensa. Os policiais impediram que os jornalistas se aproximassem do local, sem dar uma explicação sobre essa proibição ao seu trabalho.
Um dos integrantes do MST, Cedenir Engelmann, que estava na Southall, afirmou que muitas famílias não queriam deixar o local, mas depois de conversar e ver a área oferecida, resolveram partir. De acordo com Engelmann, a área oferecida pelo Incra está muito aquém da promessa feita. Ele ressaltou que a saída dos colonos da fazenda só foi aceita para evitar o confronto. No entanto, o integrante do MST advertiu que a instituição federal tem de cumprir o acordo firmado com os colonos, sob pena de haver novos incidentes. 'Se o instituto não assentar 30 famílias até o dia 30 de abril, como foi combinado, as invasões irão continuar', disse.
(Por Paulo Roberto Tavares, Correio do Povo, 19/04/2008)