Apesar do caráter informativo do seminário apresentado nesta terça-feira (15/04), quando os especialistas sobre gestão metropolitana falaram dos problemas comuns dos grandes aglomerados humanos, ficou claro que é "necessária e urgente a criação de espaços de gestão integrados da região metropolitana de São Paulo a fim de evitar o caos", como declarou o deputado Mário Reali, do PT, um dos organizadores do evento ao lado de Rui Falcão (PT) e Rodolfo Costa e Silva (PSDB).
Como exemplo desse caos, Reali usou o trânsito da capital, péssimo em função do deslocamento de milhões de pessoas das periferias para o centro da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP): "Essa questão demonstra claramente que é necessário repensar, entre outros fatores, o fluxo de veículos levando em conta a proximidade da moradia com o local de trabalho", disse Reali.
Entretanto, tais medidas devem ser tomadas por uma instância política que ultrapasse o caráter regional da atual estrutura, como declarou Rodolfo Costa e Silva: "É preciso começar um trabalho de organização estrutural na RMSP, a maior do país, em que prevaleça um olhar globalizado sobre toda a região, superando disputas regionais e escolhendo o melhor para a região como um todo". O deputado do PSDB quer ainda que os rumos do desenvolvimento de São Paulo passem por um planejamento lógico que defina para onde a nossa região metropolitana deve crescer " sentido norte/sul ou leste/oeste, procedimento que, por exemplo, determinaria quais regiões seriam prioritariamente atendidas pelo metrô.
Rodolfo Costa e Silva citou ainda os conflitos que podem ser evitados, por exemplo, no uso da água. "Atualmente o desvio da água do Sistema Cantareira, que abastece a RMSP, gera conflito com o uso da Bacia do rio Piracicaba, que abastece a Região Metropolitana de Campinas, e não se pode esperar uma solução local, porque o tema está afeto à política estadual."
Também o deputado Rui Falcão, do PT, chamou a atenção para a necessidade de uma política abrangente para toda a RMSP. Falcão citou, por exemplo, medidas que poderiam ser adotas imediatamente no sentido de facilitar o trânsito de pessoas dentro da RMSP, como a adoção do bilhete único que valesse para toda a região, com 39 municípios, a exemplo do que já acontece com os ônibus na capital. Entretanto, o que Rui Falcão encontrou de mais positivo na realização do seminário foi a retomada da discussão sobre a RMSP, que está paralisada há três anos, desde o governo Alckmin. "Uma retomada das discussões prevê também um planejamento regional, com orçamento específico, que valorize o conhecimento existente, trazendo a Emplasa " Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. " para o centro das discussões. Não adianta uma ação direta no rio Tietê, numa determinada região, se rio acima, em outro município, há um afluente poluidor", disse Falcão.
Em linhas gerais, a contribuição de um seminário como o de terça-feira é fundamental, mas não pode ficar só nisso, como avaliou Rui Falcão que, juntamente com Rodolfo Costa e Silva e Mário Reali, continuará a promover eventos que resultem em ações efetivas durante seu mandato.
E é pensamento unânime dos deputados organizadores do seminário que a experiência internacional apresentada pelos técnicos convidados reforça a necessidade de se buscar soluções integradas e de um pacto entre os diversos atores que fazem parte dessa complexa rede de relacionamentos que envolvem interesses de todos os tipos.
(Ascom AL-SP, 17/04/2008)