Marco Aurélio Garcia minimiza polêmica sobre anúncio de novo campo feito pela ANP

Ele classifica episódio como "tempestade em copo d'água" e afirma que as informações sobre a área da Petrobras já "circulavam"

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, classificou ontem de "tempestade em copo d'água" a polêmica em torno da divulgação de dados da Petrobras e avaliou que o Brasil está "caminhando na direção de novos descobrimentos de petróleo".

"Sinceramente, isso é uma opinião muito pessoal. Está se fazendo uma tempestade em copo d'água. Essas informações circulavam há muito tempo", disse Garcia em entrevista, ontem, após audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

A polêmica teve início na segunda-feira passada, quando o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, disse que o campo conhecido como Carioca teria reservas cinco vezes superiores ao recém-descoberto campo de Tupi.

Em audiência no Senado, Lima afirmou que apenas leu informações publicadas em revistas, não trouxe nenhum dado novo. A Petrobras diz que ainda não é possível dar informações detalhadas sobre o campo Carioca.

Dado positivo

Ontem, Garcia ressaltou o que seria um lado positivo da polêmica. "Não vejo ninguém que tenha perdido com isso. Pelo contrário, muita gente deve ter ganho, quisera eu ter comprado ações da Petrobras", brincou, na entrevista.

Tratado pelos deputados a todo momento pelo título de "ministro", Garcia ainda criticou a repercussão do caso. "Aqui no Brasil estamos numa situação em que, quando se dá uma notícia positiva, isso é visto negativamente", assinalou.

O Ministério Público e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza o mercado de ações) acompanham o caso. Por ter ações na Bolsa de Valores, a Petrobras precisa seguir regras para divulgar novos dados. A legislação exige que as informações sejam conhecidas por todos do mercado ao mesmo tempo.

Novas descobertas

Segundo Marco Aurélio Garcia, o barulho em torno das declarações do diretor da ANP se deve à "falta de assunto", uma vez que há uma "opinião generalizada" de que haverá novas descobertas de campos de petróleo.

"Estamos caminhando na direção de novos descobrimentos de petróleo, essa é uma opinião mais ou menos generalizada, não é uma opinião de governo. É uma opinião que, basta conversar com algum geólogo que entenda, e não com palpiteiro, e vai ver que esta situação é uma situação que vai se afirmar", disse.

Valorização das ações

Ontem, na Bovespa, as ações ordinárias da Petrobras tiveram valorização de 1,91%, vendidas a R$ 103,60, e as preferenciais subiram 2,03%, a R$ 85,10. Na semana, os papéis têm alta acumulada de 8,93% e 8,34% respectivamente -elevação atribuída principalmente aos comentários de Haroldo Lima sobre o novo campo.

(Iuri Dantas, Folha de São Paulo, 18/04/2008)