Desperdício é de R$ 400 mil por mês
Uma cidade do tamanho de Rio Pardo poderia ser abastecida, diariamente, só com a água que é perdida em vazamentos em Santa Cruz do Sul. Segundo dados da própria Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan), 40% do líquido retirado dos mananciais do município são perdidos no caminho até o consumidor final.
Por dia, 39 mil clientes santa-cruzenses utilizam uma média de 31 mil metros cúbicos de água. Além deste volume, outros 12,4 mil metros cúbicos circulam pelos canos, mas se perdem antes de chegar aos usuários. Contudo, outros fatores também estão incluídos neste número.
Para chegar à quantidade de água que some da rede pluvial, a conta é a seguinte: faz-se a subtração entre o que é retirado dos mananciais (a medição acontece nas Estações de Tratamento de Água) e o que é consumido pela população. Por isso, acabam sendo computados como perda, além de vazamentos, os erros de medição, as fraudes nos hidrômetros e as ligações clandestinas de água, que representam 4,5 mil imóveis.
Contra a Corsan, no entanto, pesa mais o desperdício provocado pelos vazamentos. Tanto é que o tema virou pauta freqüente nas reuniões da Câmara de Vereadores. Dentre os legisladores, alguns defendem até mesmo o rompimento de contrato que a companhia possui com a Prefeitura e a conseqüente municipalização do abastecimento.
Grande parte da água perdida por esta via nem aparece aos olhos da comunidade: o rompimento dos canos, na maioria das situações, faz com que a água escoe subterraneamente, tornando difícil a identificação do problema. Conforme o gerente regional da Corsan, Paulo Stein, a principal causa de fissuras na tubulação é uma associação entre canos antigos e pressão utilizada para levar o líquido a locais mais altos ou distantes da central de distribuição.
Pressão
Atualmente, nos cerca de 480 quilômetros de tubulação pluvial de Santa Cruz, há 22 bombas de recalque, equipamentos responsáveis por agregar força à vazão e garantir abastecimento até os imóveis ponta-de-rede. “Quando o consumo aumenta, temos que colocar mais pressão nas bombas, e isso acaba gerando rompimentos”, afirma. Além disso, fatores como as mudanças de temperatura e o trânsito pesado nas vias onde os canos estão sob as ruas contribuem para as quebras.
De acordo com Stein, a companhia registra, em média, 300 vazamentos a cada mês, ou dez por dia, sem contar as intervenções feitas na rede para novas instalações. Entretanto, afirma que a equipe de funcionários não consegue atender a todas as ocorrências como seria necessário. “O volume de serviço é tão intenso que seria preciso mais pessoal.”
Arrecadação
Em termos financeiros, a Corsan deixa de arrecadar cerca de R$ 400 mil por mês com as perdas em vazamentos e ligações clandestinas. Para o gerente regional da companhia, Paulo Stein, o ideal seria que este número fosse reduzido a, no máximo, 25%, o que deixaria as perdas dentro da previsão do abastecimento.
(Gazeta do Sul, 18/04/2008)