Em seu discurso, nesta quarta-feira (16), durante o encontro dos países mais poluidores do planeta, o presidente americano George W. Bush fez o de sempre: em nada contribuiu para ajudar no combate ao aquecimento global. Em vez de propor uma ação decisiva que revertesse pelo menos parte de seu vergonhoso legado de dois mandatos, em que obstruiu até não poder mais a discussão sobre as mudanças climáticas, Bush propôs novamente um mecanismo voluntário e não-obrigatório, absolutamente vago e que contraria o consenso científico sobre a necessidade e urgência de uma ação imediata para enfrentar o problema.
“Parar o crescente aumento das emissões americanas em 2025 é completamente inconsistente comparado àquilo que os cientistas consideram que é necessário para barrar um catastrófico aquecimento global. De fato, a Europa concordou em reduzir suas emissões em 20% com a promessa de reduzir em 30% no ano de 2020 caso os Estados Unidos também o façam. Em vez disso, Bush está propondo uma meta irrisória para 2025, que não reduzirá suas emissões domésticas, mas simplesmente irá parar seu crescimento até 2025. Este objetivo é tímido, tardio e coloca em risco os compromissos assumidos por outras nações”, afirma Christopher Miller, da campanha de clima do Greenpeace nos Estados Unidos.
Em Bangcoc, durante reunião da ONU sobre o clima, proposta dos países desenvolvidos de usar florestas tropicais como sumidouros de carbono foi rejeitada.
Diante de mais uma decepção, o mundo deve olhar além da administração Bush e exigir do próximo ocupante da Casa Branca a liderança e a visão estratégica necessária para que um país com o peso e a responsabilidade atual e histórica como os Estados Unidos faça seu dever de casa. O presidente Bush tem permanentemente obstruído o Protocolo de Kyoto, único tratado internacional a combater a questão das mudanças climáticas, e continua se recusando a aceitar metas de redução de emissões para os países industrializados.
“O único e legítimo fórum de discussão sobre mudança climática é a ONU. Esperamos que o Brasil, que participa da reunião de Paris, defenda essa posição com toda a propriedade”, afirma Luis Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace no Brasil. “Além disso, o país deve assumir seu compromisso pelo desmatamento zero e demonstrar vontade política para realizar uma verdadeira revolução energética”, complementa Piva. Pelo jeito, o Presidente Bush assumiu a presidência em 2001 como um homem do petróleo vindo do Texas e sairá da presidência em 2009 como esse mesmo homem do petróleo vindo do Texas.
(Envolverde/Greenpeace, 18/04/2008)