A nuvem de fumaça gerada pelos incêndios provocados pelas queimadas em Buenos Aires aumentou nas últimas horas e causou novos problemas de visibilidade em algumas das principais estradas da Argentina, onde milhares de veículos permanecem retidos. O Governo argentino anunciou restrições ao tráfego terrestre, marítimo e aéreo, e um plano de atendimento urgente em hospitais em virtude da extensa nuvem de fumaça que cobre parte do país, provocada por queimadas na zona do Delta do Rio Paraná.
O ministro do Interior argentino, Florencio Randazzo, se reuniu com os governadores das principais províncias afetadas, Entre Ríos e Buenos Aires, para coordenar um plano de ação conjunta. Entre as estradas com problemas figura a rota 14, uma das mais importantes do país, que liga a Argentina ao Brasil e ao Uruguai. As limitações no tráfego de caminhões nas principais estradas da Argentina se agravam, ainda, pela greve dos funcionários da alfândega brasileira, que mantém retidos cerca de 3.500 caminhões argentinos.
A nuvem de fumaça provocou também o fechamento do aeroporto metropolitano de Buenos Aires para pousos, embora as decolagens previstas ainda sejam mantidas. O problema é agravado pelos ventos, que espalham a fumaça das queimadas de cerca de 70 mil hectares de pasto na zona do delta do Rio Paraná, e já alcançaram o sul do Uruguai.
O Governo acusou hoje os agricultores de provocar as queimadas, enquanto os cidadãos se queixam da falta de previsão das autoridades diante de um problema que começou há dias. "A fumaça é por irresponsabilidade humana", disse hoje a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, advertindo de que deve haver "responsabilidades civis e penais" para os que começaram os incêndios.
As autoridades de Buenos Aires insistiram hoje em que a nuvem de fumaça não é tóxica, embora o ministro Randazzo tenha admitido que análises realizadas em alguns locais afetados demonstram que "há um alto grau de monóxido de carbono" no ambiente. As acusações do Governo contra os agricultores se transformaram em um novo elemento de tensão nas negociações entre Cristina e quatro grandes patronais agropecuárias para resolver o conflito provocado pelo aumento dos impostos à exportação de grãos.
(EFE, 17/04/2008)