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2008-04-18
Estruturação das cadeias produtivas buscando a viabilidade econômica do negócio com a necessária preservação ambiental e a justiça social pela inclusão de comunidades desassistidas.  Com esse intuito, o Banco do Brasil, por meio de sua estratégia Desenvolvimento Regional Sustentável - DRS, firma no próximo dia 19 de abril um convênio com o Instituto Raoni para a atuação em parceria nos territórios indígenas de Mebêngôkre, Pañara e Tapajúna, na região do Baixo Xingu, que reúne cerca de sete mil índios kaiapós praticantes de um sistema econômico baseado na subsistência.

A partir do protocolo assinado na aldeia Metuktyre, serão atendidas 12 aldeias ao norte de Mato Grosso que congregam por volta de 1.800 pessoas.  Para tanto, o BB intermediou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID contrato que garantiu recursos de US$ 150 mil não-reembolsáveis.  O montante será utilizado na estruturação das cadeias produtivas de Óleo de Copaíba e de Breu Branco, na capacitação de mil índios e na construção da sede do Instituto Raoni em Colíder, cidade de Mato Grosso e entreposto comercial escolhido para essas comunidades.

O Óleo de Copaíba é um medicamento natural com propriedades analgésicas, desinflamatório e cicatrizante.  Já o Breu Branco é uma resina extraída da árvore de mesmo nome, utilizada em cosméticos e perfumes.  Para essas duas cadeias, o BB firmou parcerias visando a comercialização dentro de um conceito agroecológico e de comércio justo, ou seja, que o valor pago por esses produtos reflita as condições cuidadosas em que eles foram gerados.  E para agregar ainda mais valor aos produtos, o DRS BB vai auxiliar na derivação de subprodutos tais como cápsulas de Copaíba, velas aromáticas, vernizes, goma de mascar, sabão e sabonete.  Para o comércio exterior, o DRS BB firmou convênio com a Cooperativa Sem Fronteiras, organização internacional que ajudará na introdução dos produtos e subprodutos em outros países.

O DRS BB também vai providenciar a Certificação Agroecológica, feita por reconhecidos institutos certificadores.  Com isso, os produtos e subprodutos terão atestados sua origem, qualidade e manejo sustentável.  Além disso, haverá a criação do Selo DRS BB, para chancelar essa produção indígena como socialmente justa, economicamente viável e ambientalmente correta.

Outra parceria firmada pelo DRS BB garantiu técnicos do Ministério do Trabalho para a capacitação de mil índios, durante dez meses, para a coleta ecologicamente correta, ou seja, o manejo das árvores em prol da sustentação da floresta.  Esses índios serão multiplicadores do curso para toda a população do Baixo Xingu da tribo Kaiapó.  Como incentivo e auxílio, cada um deles receberá, por meio da agência do BB em Colíder, uma bolsa de R$ 200,00 mensais durante o período do curso.  Em outro tipo de capacitação e convênio, o SEBRAE cuidará da formação gerencial dos dirigentes do Instituto Raoni para o efetivo controle e boa gestão da instituição.

Nas aldeias haverá a construção de espaços por meio da bioconstrução, sistema que respeita a arquitetura própria desses grupamentos, para armazenamento provisório dos produtos e subprodutos até o deslocamento posterior para Colíder, onde o Insituto Raoni fará sua guarda até a efetiva comercialização.  Convênio entre o DRS BB e a prefeitura municipal de Colíder garantiu o terreno onde será erguido o prédio do Instituto e onde ocorrerão as negociações com os grandes fabricantes da indústria de cosméticos buscando um preço justo para os produtos e subprodutos.

O DRS BB também pretende garantir a segurança alimentar das comunidades Kaiapós com a implantação de hortas comunitárias em cada uma das 12 aldeias.  E haverá a criação da primeira brigada indígena de combate a incêndios florestais do País, composta por 50 guerreiros, e que deve ser apresentada à nação no desfile cívico de sete de setembro, em Brasília.

Em outra frente de ação do DRS BB, agora de inclusão digital, prevê a doação de 50 computadores e de softwares livres para instalação nesses computadores para compor cinco estações digitais, telecentros, em quatro aldeias e no Instituto Raoni.  O objetivo é agilizar a comunicação entre as aldeias.  Para tanto, está sendo negociado com o Ministério de Minas e Energia o fornecimento de placas fotovoltaicas e de baterias para o funcionamento dos telecentros.

O DRS BB ainda vai incentivar a cidadania indígena por meio da emissão e viabilização de documentos tais como CPF, RG e Certidão de Nascimento e promover a perpetuação da cultura Kaiapó com o patrocínio de um livro sobre essa etnia com levantamento de registros e fatos históricos.  Todo esse esforço representa a introdução da sociedade indígena no sistema financeiro moderno, respeitando sua economia tribal, a auto-gestão do território e o ecossistema também como vetor econômico.

A ação é pioneira em termos mundiais e representa a confirmação da atividade do DRS BB junto a essas comunidades por meio dos Planos de Negócios em implantação.  Na assinatura do convênio, as duas instituições serão representadas pelo Cacique Raoni, reconhecido pela ONU como uma das mais importantes lideranças entre os 370 milhões de aborígenes do mundo, e o vice-presidente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental do BB, Luiz Oswaldo Sant’Iago.

O DRS BB pretende, na coordenação do trabalho em parceria com o Governo Federal, BID, Governo Estadual de Mato Grosso, SEBRAE e FUNAI, facilitar a introdução indígena no universo mercadológico com todos os padrões de segurança na localização de grandes negócios, potencializando resultados e respeitando a diversidade cultural.

A parceria entre o BB e o Instituto Raoni também reforça o caráter identitário de soberania nacional por sua atuação natural, com a ocupação econômica legítima dessas áreas indígenas por suas comunidades autóctones

(24 Horas News, 17/04/2008)


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