Um requerimento de informações que pede esclarecimentos sobre o Processo de Licenciamento das Usinas Hidrelétricas Santo Antonio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, será apresentado ao Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) por organizações ambientalistas e será submetido à aprovação da plenária em reunião nos dias 24 e 25 de abril em Fortaleza, CE.
Baseado na Ação Civil Pública ajuizada pela organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, o requerimento questiona o processo de licenciamento ambiental feito pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que concedeu a Licença Prévia para usinas do Rio Madeira. O documento foi produzido pela pesquisadora Telma Delgado Monteiro, em conjunto com os conselheiros do Conama Luis Carlos Maretto, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, e Zuleica Nycz, da Associação de Proteção ao Meio Ambiente (Apromac). "Colocamos uma série de dúvidas a respeito desse processo de licenciamento do complexo hidrelétrico", explica Telma Monteiro.
Essas dúvidas foram levantadas porque, de acordo com a pesquisadora, a Licença Prévia para a construção das hidrelétricas foi um desrespeito à legislação ambiental. "A questão é se a licença é legal ou não, porque as exigências da equipe técnica do próprio Ibama foram desprezadas", diz.
Segundo ela, os técnicos do Ibama recomendaram a não concessão da Licença Prévia das Hidrelétricas porque concluíram que existe um elevado grau de incerteza envolvido no processo e é impossível dimensionar os impactos da usina. Além disso, os estudos de impacto ambiental não apresentam as medidas de controle necessárias à garantia de bem-estar das populações e ao uso sustentável dos recursos naturais.
Populações indígenasO requerimento também apresenta uma série de questões em relação ao impacto que as hidrelétricas podem causar nas áreas de influência sobre as comunidades indígenas. O texto menciona que, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), existem diversos grupos de índios isolados na área de influência das usinas. Telma explica que o complexo interfere direta e indiretamente nas comunidades indígenas. "De acordo com a Constituição Federal, todo projeto que interfira nas comunidades indígenas precisa passar antes pelo Congresso Nacional. Não foi o que aconteceu", conclui.
Se acatado o requerimento pelo Conama, serão convocados, para esclarecimento das questões levantadas, o Ibama, o Ministério Público Federal de Rondônia, a Funai e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), além da organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira.
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Amazonia.org.br, 17/04/2008)