O ministro da Agricultura Reinhold Stephanes rebateu as declarações do burocrata da ONU Jean Zigler de que a produção de biocombustíveis são “uma ameaça à humanidade”. Stephanes disse, em nota do governo, que “A preocupação em torno dos biocombustíveis não se aplica ao Brasil, mas à Europa e aos Estados Unidos que têm a produção agrícola distorcida, de um modo geral, por conta do grau de subsídios utilizados nestes países”. Conforme o mesmo texto governista, o Brasil tem áreas disponíveis para o cultivo de matéria-prima destinada aos biocombustíveis, sem para isso, prejudicar a produção de alimentos básicos.

Tentando desviar do fato de que a cana-de-açúcar avança, sim, sobre a vegetação nativa brasileira, principalmente o Cerrado, o Ministério da Agricultura procura afirmar uma nova realidade, dizendo que, “no caso da cana-de-açúcar, (...) a plantação do produto representa menos de 1% da produção total agrícola brasileira. Além disso, a expansão da cana está ocorrendo em áreas de pastagens subaproveitadas, que não concorrem com a produção de alimentos.” Até julho, promete o órgão governamental, será definido um zoneamento para as plantações de cana, determinando áreas mais propícias a sua produção. A análise vai considerar, ainda segundo o ministério, aspectos agrícolas, ecológicos e a competição com outros produtos.

Etanol em pauta
A viabilidade ambiental do uso de biocombustíveis não está somente na pauta de discussões dos altos escalões governamentais. Ela já caiu na boca do povo. Na última semana, o site de notícias BBC Brasil abriu o fórum de discussões "Etanol: herói ou vilão?", em que os internautas são convidados a responder a pergunta: "Os biocombustíveis são uma solução renovável e limpa para se reduzir as emissões de carbono ou eles vão apenas agravar problemas como o desmatamento e a falta de terras aráveis no planeta?". Até o momento, o fórum já recebeu 122 comentários. Para conferir o que os internautas pensam sobre o assunto, basta acessar o site da BBC Brasil.

(O Eco, 15/04/2008)