O senador Jayme Campos (DEM-MT), eleito presidente da Comissão Temporária Externa "Risco Ambiental", criada no senado para verificar o risco ambiental dos municípios que mais desmatam a Amazônia, tem uma propriedade embargada por desmatamento. O parlamentar aparece no Relatório de Áreas Embargadas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com uma área de 1. 200 hectares no município de Alta Floresta, em Mato Grosso, além de mais duas propriedades caracterizadas na lista como "outros embargos", que incidem sobre empresas.
Segundo o senador, o auto de infração de sua propriedade é fruto de perseguição política. "Já entrei com uma defesa administrativa, mas até hoje não obtive resposta. Estou acionando a justiça para obter a análise da minha defesa e provar que não existem irregularidades", explica o senador.
Campos argumenta ainda que o fato de ele ter propriedades não entra em conflito com o trabalho na comissão de Riscos Ambientais. "Estou defendendo interesses coletivos e não meus interesses particulares", disse.
A comissão de Riscos Ambientais foi instalada nesta última quinta-feira (10), com o objetivo de verificar in loco o problema do desmatamento nos municípios apontados como os maiores desmatadores de florestas, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Participam da comissão cinco senadores titulares e mais cinco suplentes. Os titulares são os senadores Jayme Campos, Flexa Ribeiro (PSDB-PA), João Pedro (PT-AM), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
Divergência nos índices
Jayme Campos é um dos grandes críticos das atividades do Ibama e da Polícia Federal contra o desmatamento. Assim como os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e o governador do estado do Mato Grosso, Blairo Maggi, Campos acredita que os dados divulgados pelo Inpe estão errados. "O objetivo da comissão Riscos Ambientais é apurar, auditar e contestar os números do Inpe, que não são confiáveis, principalmente no Mato Grosso, onde o próprio governo estadual diz que os números não batem", explica.
A divergência surgiu após a denúncia da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso, que apresentou um estudo argumentando que pelo menos 90% dos números do Inpe estariam errados. Na última segunda-feira o governador do Mato Grosso Blairo Maggi se reuniu com a presidente Lula para discutir as divergências entre os índices e a suspensão da proibição de financiamentos para os municípios que mais desmatam.
Lista de áreas embargadas
A lista de áreas embargadas do Ibama, onde figuram não só a propriedade de 1200 hectares do senador Jayme Campos como também uma propriedade da Amaggi, empresa do grupo empresarial de Blairo Maggi, é um sistema de consultas on-line disponibilizado pelo Ibama. O sistema faz parte do "Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Desmatamento da Amazônia", que pretende tornar pública a informação sobre quem desmata a Amazônia.
A relação apresenta as propriedades embargadas pelo instituto por desmatamento ilegal, além de "outros embargos", que se referem a empresas de atividade industrial ou de serviços que desmatam. As áreas embargadas ficam proibidas de adquirir financiamentos ou realizar operações de crédito.
(Amazonia.org.br, 16/04/2008)