Com a suspensão da operação de retirada dos arrozeiros da terra indígena Raposa/Serra do Sol, no nordeste de Roraima, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a ANA (Agência Nacional de Águas) começaram a fiscalizar os 20 mil hectares ocupados com o plantio de arroz na área e detectou pontos de desmatamento irregular.
Desde a semana passada, funcionários os dois órgãos sobrevoam as fazendas para colher fotos aéreas e comparar com as imagens de satélite que monitoram a área desde a década de 80. O material colhido até agora, segundo Frederico Fonseca, que coordena a ação, aponta para a existência de desmatamento, inclusive em áreas de preservação permanente, nas margens do rio Surumu. A multa, nestes casos, pode chegar a R$ 5.000 por hectare.
"A supressão da vegetação da mata ciliar provoca o assoreamento do rio e prejudica a fauna e a flora da região", disse Fonseca, do Ibama.
Ele afirma que só com o trabalho de campo, que começa na próxima semana, poderá mensurar o tamanho da devastação e a existência de outros crimes ambientais.
Um dos principais cursos d'água da Raposa/Serra do Sol, o rio Surumu é usado pelos rizicultores para irrigar a plantação de arroz, com bombas movidas por motores a diesel.
Nas incursões aéreas à terra indígena, os fiscais da ANA investigam indícios de que o rio teria sido desviado para facilitar a irrigação.
Para o presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, Paulo César Quartiero, a acusação de que os arrozeiros promovem danos ambientais não passa de "discurso político, por meio de uma conspiração para internacionalizar a Amazônia".
Ontem, Quartiero (DEM) foi reconduzido ao cargo de prefeito de Pacaraima, depois de ter o mandato cassado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Roraima, acusado de crime eleitoral.
A posse de Quartiero foi autorizada a tarde pelo TRE, uma vez que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) publicou na segunda-feira o acórdão da decisão que o reconduziu ao cargo.
(Andrezza Trajano, Folha Online, 16/04/2008)