Comandante diz que ameaça pode não ser iminente, mas deve ser discutida.
Índio Jonas Marcolino se disse preocupado com atuação de estrangeiros na Amazônia.
O comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, disse nesta quarta-feira (16) que a demarcação de terras indígenas nas faixas de fronteira brasileira podem representar um risco para a soberania nacional.
“As terras indígenas nas faixas de fronteira, se não forem convenientemente tratadas, poderão representar um risco para a soberania nacional”, disse o general, após o seminário “Brasil, ameaças a sua soberania”, no Clube Militar, no Centro do Rio.
“Estamos cada vez mais aumentando a extensão de terras indígenas na faixa de fronteira e cada vez mais estamos caminhando numa direção que para mim, como comandante militar da Amazônia, me preocupa. Pode não ser uma ameaça iminente, mas merece, pelas circunstâncias, ser discutida.”
O comandante evitou polemizar sobre o desenlace da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol , onde a discussão sobre a permanência ou retirada de moradores não-índios tem gerado graves conflitos em Roraima.
Decisão caberá ao STF
Um decreto assinado em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a criação da reserva e determinou a retirada dos não-indígenas da área. Agora, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) decidir se mantém o decreto ou atende à reivindicação de grupos que discordam da medida e defendem a permanência de enclaves não-indígenas na região.
“Minha expectativa é confiar nas instituições do meu país”, disse o general, ressaltando que sua intenção é chamar a atenção do problema, para que seja discutido pela sociedade. “Tenho constatado que muita gente que tem nas mãos decisões que interessam a Amazônia desconhecem a Amazônia. A primeira grande preocupação é que aqueles que estão decidindo questões da Amazônia vão lá conhecê-la”.
Durante sua palestra, o índio Jonas Marcolino, diretor da Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima, afirmou que teme pela expulsão dos não índios da região, o que, para ele, abre caminho para os estrangeiros.
“Se o Estado brasileiro não está lá, alguém vai estar”, disse.
(G1, 16/04/2008)