(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
barragem rio do salto FATMA
2008-04-17

Vou contar um "causu" recente da minha terra. Primeiro, esclareço que a FATMA é o órgão ambiental da esfera estadual do Governo de Santa Catarina. Sua missão maior é garantir a preservação dos recursos naturais. Isto ocorre através: da fiscalização, que evita que recursos naturais sejam degradados ou explorados irracionalmente até a extinção; e do licenciamento ambiental, que garante a conformidade de obras com a legislação vigente.

Aqui, esta é a regra do jogo!
Em 14/04/2008, este órgão licenciador cancelou a Licença Ambiental Prévia que havia emitido para a estatal CASAN (Cia. Catarinense de Águas e Saneamento) para implantação da Barragem do Rio do Salto, em Timbé do Sul-SC.

Querem saber o porquê?
Porque o Procurador da República Darlan Airton Dias, ao tomar conhecimento da expedição da LAP, contestou esta ilegalidade. Agiu assim porque sabe que o processo de licenciamento ambiental da barragem está incompleto. Aliás, o EIA/RIMA da barragem foi vergonhoso: não foi homologado devido à precariedade dos dados sobre flora e fauna, sobre a definição do uso da água da barragem, sobre as medidas mitigadoras. A própria FATMA reconheceu isso, à época, e exigiu a complementação.

Isso ocorreu em meados de 2006. E, desde então, a CASAN nada fez. Mesmo assim, a FATMA, concedeu, na semana passada, a LAP. A estratégia foi simples: a licença foi emitida sem a apresentação de novo EIA/RIMA; todos os estudos recomendados pelo MPF, pelo MPE e pela própria FATMA foram apontados como condicionantes da LAP. Segundo o Procurador da República Darlan Airton Dias isto é "Um absurdo! A LAP atesta a viabilidade ambiental do empreendimento. Portanto, os estudos devem ser ANTES da LAP e não colocados como condicionantes desta".

Por que a FATMA licenciou?
É fácil de entender o porquê. Prestem atenção nas datas. No dia 27/03/2008, uma equipe do Ministério da Integração Nacional participou de uma webconferência, promovida pelo Governo de Santa Catarina, para informar aos dirigentes e políticos catarinenses sobre os projetos Ministério que poderão beneficiar nosso Estado. Aí veio à tona a obra garantida pelo PAC - Programa de Aceleração do Crescimento: a barragem do rio do Salto, na qual o governo federal investirá R$ 58 milhões até 2010.

Imagino que, após esta informação tão preciosa, os "dirigentes e políticos catarinenses" tenham se remexido na cadeira e deram início à seguinte discussão:
- E o que falta pro licenciamento desta maldita barragem?
- O EIA/RIMA.
- Em que pé está isso?
- A CASAN ainda não o consertou. Quando foi entregue à FATMA, em 2003, estava com problemas. Sabem como é essa lei ambiental: emperra tudo.
- E agora? Precisamos dessa verba... quase 60 milhões! É ano de eleição. Isso demora muito? O que a gente pode fazer pra agilizar isso?
- Simples: liga pra FATMA e diz que é pra entregar a licença pra CASAN já.

E assim fez a FATMA. E o signatário da licença foi "dormir o sono dos justos", expressão corriqueira do Dr. Alexandre Herculano Abreu. Um alerta! Vocês, que se preocupam com a sadia qualidade de vida, sua e dos seus filhos e netos, fiquem de olho! E, sempre que possível, busquem o socorro do Ministério Público e do Poder Judiciário. Todo o cuidado é pouco! Como dizem os escoteiros: sempre alerta! A FATMA não cumpre a sua missão. Não fiscaliza nem licencia na forma da lei.

Num de seus artigos brilhantes, o ambientalista Henrique Cortez escreveu que "nos últimos anos (principalmente depois do apagão) acompanhamos uma crescente satanização da legislação ambiental e de seus órgãos. O argumento de que o cuidado ambiental ‘prejudica’ o desenvolvimento é particularmente utilizado pelo setor energético". É assim mesmo, Seu Henrique. A satanização recrudesceu com o advento do PAC e da sua promessa de dinheiro fácil.

(Por Ana Candida Echevenguá *, Adital, 16/04/2008)
* Advogada ambientalista. Coordenadora do Programa Eco&ação


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -