Estado responsável pela diminuição seria o Pará, que registrou apenas cinco homicídios contra os 24 calculados em 2006A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta terça-feira (15) os dados dos conflitos e da violência presentes na obra Conflitos no Campo Brasil 2007. O ato foi realizado durante a programação do Acampamento de Lançamento da Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra (montado no Estádio Mané Garrincha), em Brasília, Distrito Federal. De acordo com o relatório, 28 pessoas foram assassinadas em conflitos pela terra. No Paraná foram registrados dois homicídios.
Os números nacionais são menores que os registrados em 2006, quando houve 39 mortes. O estado responsável por essa diminuição seria o Pará, que registrou apenas cinco homicídios contra os 24 calculados em 2006. No restante do país, contudo, houve um aumento de 50% no número de assassinatos.
No Paraná, foram registrados 89 conflitos, envolvendo 36.683 pessoas, números menores que os de 2006 (44.691 pessoas em 91 conflitos). Os dois homicídios registrados em 2007, de Antonio Novakoski, em maio, e Valmir Motta de Oliveira, o "Keno", em outubro, aumentaram para 24 o número de mortos nos últimos dez anos no estado.
Em 2006, nenhum homicídio havia sido contabilizado no estado. Este ano, no final de março, Eli Dallemole, de 42 anos, foi morto dentro de casa, no assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira, na região dos Campos Gerais.
Em todo o país, foram 1.538 os conflitos contabilizados pela CPT. Os números incluem conflitos por terra (ocupações, acampamentos etc.), trabalhistas (superexploração, escravidão, etc.) e por água, e registram ainda a quantidade de famílias despejadas, expulsas, com pertences destruídos ou que sofreram ação de milícia privada. O valor é quase 10% menor que o calculado em 2006, quando houve 1.657 conflitos.
Mesmo que em termos absolutos tenha havido uma queda geral nos números, em termos relativos há crescimento da violência. Em 2006, para cada ocorrência de conflito houve 1,2 famílias expulsas, 16 despejadas, e os assassinatos correspondiam a um para cada 47 conflitos. No mesmo período de 2007, para cada ocorrência de conflito se computam 5 famílias expulsas, 19 despejadas, e um assassinato para 44 conflitos.
Em relação ao número de famílias expulsas pelo poder privado que se verifica o maior crescimento da violência, não seguindo a tendência de queda verificada em outros indicadores. As famílias expulsas passaram de 1.657, em 2006, para 2.711, em 2007, mais de 100% a mais. Este aumento verificou-se em todas as regiões do país, sem exceção.
A área envolvida em conflitos durante o ano de 2007 foi o segundo maior registrado nos últimos dez anos. Foram 8.420.083 hectares de terra relacionados a disputas em todo o Brasil. No total, 629.029 pessoas dos mais diversos movimentos participaram de 905 manifestações pelo país. Somente no Paraná, 78 atos de reivindicação envolveram 34.196 pessoas.
A obra Conflitos no Campo Brasil foi editada pela primeira vez em 1985, e, desde então, tem sido referência entre as entidades e movimentos do campo, no meio acadêmico, entre organismos internacionais e órgãos governamentais.
(
Gazeta do Povo, 16/04/2008)