Está instalada em Pelotas a primeira Usina de Biodiesel de Gordura Animal do País e os frigoríficos da região têm condições de oferecer matéria-prima de ótima qualidade, garante a doutora em Química responsável pela planta em escala semi-industrial que serve de base para pesquisas, Laíza Krause. Ela defendeu recentemente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a tese intitulada Desenvolvimento do Processo de Produção de Biodiesel de Origem Animal.
Apesar do trabalho investigativo ter começado em 2001, a usina foi inaugurada em fevereiro do ano passado, resultado de convênio entre a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), UFRGS, Universidade Regional Integrada (URI) de Erechim e Megapetro. A empresa financiou a planta para estudos e desenvolvimento da tese, pois está em fase de implantação de usina em Porto Alegre e utilizará como matéria-prima principal a gordura animal.
De acordo com Laíza, a usina de Pelotas tem condições de produzir 800 litros de biodiesel por dia, mas sua capacidade está limitada às necessidades das pesquisas, ainda que seu produto seja utilizado pela Megapetro e algumas transportadoras de Pelotas, entre elas a Kopereck Giambastini Ltda.
A usina, conforme explica Laíza, é uma planta flex para gordura animal e oleaginosas (grãos como mamona, soja, girassol). Mas o foco para o trabalho de doutorado foi a gordura animal. Foram realizados testes com sebo bovino e de frango, com ótimos resultados, frisou Laíza. O monitoramento foi feito em um caminhão e em um Lada Niva.
“O Governo Federal autoriza só entre 2% e 5% de biodiesel, mas as pesquisas que realizamos demonstram que pode funcionar em maior proporção. Todas as análises foram feitas no laboratório da UFRGS e estão de acordo com as normas da ANP (Agência Nacional do Petróleo)”, afirmou Laíza.
Projeto
A tese de doutorado contemplou um projeto para usina de biodiesel, com melhorias. “O grupo está apto ao conhecimento de uma usina”, reforçou Laíza, ao se referir ao conhecimento das quatro pessoas que atuam na usina local, que pode, segundo foi projetado no trabalho de Laíza, ter capacidade para produzir 20 mil litros de biodiesel por dia.
A UFPel tem projeto para manter a usina em funcionamento como centro de pesquisas para abastecer a própria instituição, disse. Segundo ela, ainda há muito o que pesquisar para melhorar a purificação do combustível. As misturas são feitas em um tanque instalado dentro da própria usina, que funciona na rua Conde de Porto Alegre, 793.
Expansão
A pesquisa terá continuidade e será expandida a partir de convênio firmado com a Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) e a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Além disso, segundo Laíza, já foram defendidas duas teses de Mestrado na UFRGS com a produção de biodiesel em Pelotas.
(Por Tânia Cabistany, Diário Popular, 16/04/2008)