A prefeitura de Guaíba fez questão de dar pompa ao anúncio de ampliação da fábrica da Aracruz
Mesmo que o investimento já fosse esperado, o dia foi de comemorações. Nove anos depois de a Ford anunciar que não se instalaria na cidade, o município pôde finalmente festejar um megainvestimento.
O ápice da festa ocorreu à noite, com shows de artistas gaúchos à beira do rio e cinco minutos de fogos de artifício no trapiche que avança pelas águas do Guaíba. Desde cedo, a cidade se movimentava para o evento. No bairro Alvorada, um carro de som convidava os moradores para a festa e sindicalistas realizaram um ato para comemorar a ampliação.
Em meio aos trabalhadores e a estudantes levados de ônibus para o evento, o prefeito Manoel Stringhini (PMDB) entregou uma carta de agradecimento ao diretor-presidente da Aracruz, Carlos Aguiar. Funcionários da empresa, emocionados, aproveitaram para cumprimentar os membros da diretoria. Entre eles, José Tadeu Allama, que em 1971 ajudou na montagem da fábrica de celulose, que entrou em operação no ano seguinte. Nesse período, a unidade já foi Borregaard, Riocell, Klabin Riocell e, desde 2003, Aracruz. Allama ainda guarda seis crachás antigos.
Mais tecnologia para reduzir o odor eliminado pelas chaminés
Hoje, o Allama atua na inspeção de equipamentos desativados e se refere aos colegas como "uma família". O cheiro que sai das chaminés da empresa não o incomoda. Pelo contrário:
- Isto cheira a dólar, a emprego, a trabalho e a crescimento. Construí meu patrimônio com esta empresa.
O odor já foi bem mais intenso e costumava atingir toda a Região Metropolitana, e ainda é um dos fatores de algumas reclamações.
Mas o diretor de operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes, garante que, com o investimento "o cheiro vai desaparecer". Serão instaladas tecnologias de captação de gases mais modernas, na nova planta e na antiga. A comunidade, porém, se mostra mais confiante e atenta à geração de empregos.
Desempregada desde junho do ano passado, Maria de Fátima Lima conta que somente neste ano já deixou três currículos na Aracruz. Nunca foi chamada. Com a ampliação, ela espera ter mais chances.
- Eu não tenho experiência, mas que gostaria de trabalhar (na Aracruz), gostaria - afirma.
De acordo com a indústria, até a metade de maio o programa de qualificação de mão-de-obra será anunciado.
- Uma das nossas preocupações é que os trabalhadores não sejam de fora. Por isso, são importantes os cursos de qualificação - acrescenta Marcelo Magu, diretor da Força Sindical.
(Zero Hora, 16/04/2008)