O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Haroldo Lima, negou, nesta terça-feira (15/04), ter anunciado a descoberta de um novo megacampo de petróleo na Bacia de Santos, ao contrário do que foi veiculado pela imprensa. Ele alegou que, ao responder a perguntas de jornalistas, apenas citou dados publicados em fevereiro por uma revista especializada norte-americana.
- Não fiz anúncio algum. Não usei essa palavra [anúncio] em momento algum - disse, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Haroldo Lima teria mencionado, em entrevista concedida nesta segunda-feira (14/04) em um seminário, a descoberta de um megacampo de petróleo na Bacia de Santos, cujas reservas poderiam alcançar 33 bilhões de barris de petróleo, cerca de cinco vezes mais que o total estimado para outro megacampo descoberto recentemente, o de Tupi. Seria uma das maiores jazidas do planeta. A Petrobras, no entanto, não confirmou a existência da reserva.
Os comentários do diretor-geral da ANP sobre o assunto foram recebidos de formas distintas pelos integrantes da CAE. Entre os críticos estava o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), para quem as afirmações de Haroldo Lima foram "perigosas". O parlamentar relatou trechos de reportagem do jornal O Globo segundo a qual o dirigente "anunciou uma descoberta não confirmada de uma empresa de capital aberto [a Petrobras] e fiscalizada pela agência [a ANP]". Ainda de acordo com o jornal, esse episódio "interferiu no mercado de ações em pleno funcionamento, gerando especulação", o que motivou alta nas ações da Petrobras durante todo o dia (segunda-feira), movimento supostamente influenciado pelas informações prestadas por Haroldo Lima.
No entanto, outros senadores consideraram satisfatórias as explicações dadas por Haroldo Lima. Na opinião de Renato Casagrande (PSB-ES), "a repercussão da entrevista foi muito mais forte do que aquilo efetivamente dito". O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) também defendeu o expositor, avaliando os dados por ele apresentados como "públicos e notórios" - referiu-se, nesse caso, ao argumento de que essas informações já teriam sido publicadas anteriormente em uma revista especializada dos Estados Unidos.
- Acredito que, em um ambiente de especialistas, dar notícias sobre o que se comenta em revistas especializadas não é uma atitude precipitada - afirmou Crivella.
Mas Francisco Dornelles, ao comentar as justificativas de Haroldo Lima, observou que, quando o diretor de uma instituição do porte da ANP faz declarações como essas, "há conseqüências, pois isso é diferente de uma informação dada por uma revista ou por uma pessoa em um botequim".
(Por Ricardo Koiti Koshimizu, Agência Senado, 15/04/2008)