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eucalipto no pampa celulose e papel aracruz/vcp/fibria
2008-04-16

Em solenidade marcada pela presença de representantes empresariais, imprensa e autoridades municipais e estaduais, a Aracruz confirmou na manhã de ontem (15/4), no Palácio Piratini, investimento de US$ 2,8 bilhões (R$ 4,9 bilhões) para expandir seu complexo industrial em Guaíba, Região Metropolitana de Porto Alegre. As obras começam em julho. Em maio, a empresa fechará os acordos comerciais para adquirir máquinas e equipamentos para dar a largada à construção. A entrada em operação está prevista para 2010.

"Às 9h50min desta terça-feira lançamos um fato relevante ao mercado e podemos informar que o investimento foi confirmado pelos acionistas", afirmou Carlos Aguiar, diretor-presidente da Aracruz. A obra possibilitará o aumento de capacidade das atuais 450 mil toneladas por ano para 1,8 milhão de toneladas/ano, tornando o Estado responsável pela produção de 10% da produção mundial de celulose branqueada de eucalipto de fibra curta. Hoje, a Aracruz responde por 27% da produção mundial. "A opção de investir no Rio Grande do Sul foi pautada pelo clima favorável à plantação de eucaliptos, pela infra-estrutura e pelo apoio da sociedade e do governo ao projeto", disse o diretor de operações da companhia, Walter Lídio Nunes.

O anúncio surge na semana seguinte ao resultado considerado satisfatório da votação do Zoneamento Ambiental de Silvicultura pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), que estabeleceu regras definitivas para o plantio de florestas em território gaúcho. As empresas do setor ansiavam por uma flexibilização das normas do texto original, considerado muito restritivo.

Dos recursos destinados à ampliação do complexo, US$ 1,8 bilhão será aplicado na antiga fábrica e na nova planta, enquanto US$ 600 milhões serão usados no florestamento em 32 municípios e US$ 170 milhões para infra-estrutura. Serão 60% financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e 40% de capital próprio. Fornecedores do Rio Grande do Sul ficarão com aproximadamente US$ 350 milhões em compras de produtos e serviços.

O projeto da Aracruz inclui a duplicação do porto já existente em Guaíba, a construção de um terminal portuário no município de Rio Pardo, no rio Jacuí, junto à ponte da BR-471, e um outro em Cachoeira do Sul. Eles serão usados para levar a madeira extraída até a fábrica da Aracruz. Em São José do Norte, a companhia implantará um complexo marítimo. O tráfego fluvial no Estado será ampliado em 25% após a ampliação e possibilitará o transporte de 10 mil toneladas por dia. "Todo o Estado beberá deste desenvolvimento no Jacuí, que pode atrair novos investimentos ao Estado", comentou a governadora do Estado, Yeda Crusius.

Cerca de 7 mil pessoas trabalharão nas construções (70% delas da Região Metropolitana de Porto Alegre). Um programa de treinamento será desenvolvido em parceria com o governo do Estado para preparar a mão-de-obra. Quando começar a operar, a Aracruz irá gerar 50 mil empregos diretos. Os tributos gerados na construção chegam a US$ 367 milhões e, durante a operação, ficarão na casa dos US$ 136 milhões (US$ 41 milhões para Estado e municípios).

A ampliação
Investimento total: US$ 2,8 bilhões
Origem dos recursos
Bndes 60%
Capital Próprio: 40%

Áreas de investimento
Fábrica: US$ 1,8 bilhão
Florestamento: US$ 600 milhões
Infra-estrutura: US$ 170 milhões
Tributos e outros gastos: US$ 230 milhões

Produção
Será expandida de 450 mil/t ano para 1,8 milhões/t ano
Geração de emprego: 7 mil no pico da obra e, posteriormente, 50 mil em toda a cadeia

O florestamento
Área plantada pela Aracruz hoje 70 mil hectares (ha)
Área plantada após a ampliação 164 mil hectares em 32 municípios
Área de preservação após a ampliação 90,6 ha (Fonte: Aracruz)

Estado pode sediar centro de pesquisas de biorrefinarias
O Rio Grande do Sul poderá ter um centro de pesquisas para refino e utilização de biomassas. Ontem (15), durante o anúncio da instalação da fábrica da Aracruz em Guaíba, o diretor de operações da empresa, Walter Lídio Nunes, informou que a empresa estuda a construção de um local para integrar pesquisas públicas e privadas no segmento.

A idéia é instalar no Estado biorrefinarias para trabalhar com itens como os resíduos florestais e também lixo e esgoto. "Esta iniciativa incluirá o Estado em um movimento mundial de desenvolvimento", afirmou Nunes, sem confirmar local para a implantação ou prazos para decisão.

A ampliação da planta em Guaíba servirá como atualização tecnológica para a unidade no Estado. A nova unidade terá alguns dos itens mais modernos em produção e reaproveitamento de água. Quase 99% dos efluentes produzidos serão transformados em adubos orgânicos, por exemplo.

O diretor-presidente da empresa, Carlos Aguiar, afirmou que os problemas na economia mundial não assustam a empresa, pois o mercado de papel e celulose segue aquecido. "Estamos convictos na recuperação do mercado, e, quando isso ocorrer, estaremos prontos para atender à demanda com a ampliação da produção", comentou.

(Por Erik Farina, JC-RS, Diário PopularFolha de São Paulo, Correio do Povo, 16/04/2008)


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