Caso a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul apresse a tramitação, a cidade poderá ter, ainda no primeiro semestre deste ano, a aprovação do projeto que implanta um sistema de troca de lixo por alimentos. A previsão é do diretor-presidente da Codeca e um dos idealizadores do programa, Adiló Didomenico.
Ele espera que a prefeitura encaminhe hoje ao Legislativo este Projeto de Lei, solicitando a autorização para destinação de verba ao programa de permuta entre resíduos recicláveis e alimentos excedentes da safra produzida na região.
Batizado de Troca Solidária, o sistema baseia-se em um projeto que há 17 anos é desenvolvido em Curitiba (PR). Lá, a cada quatro quilos de lixo, dois quilos de hortigranjeiros são disponibilizados para cada pessoa. Em Caxias do Sul, a intenção é semelhante.
- A cada quatro quilos de resíduos recicláveis, preferencialmente papel, metal, vidro e plástico, a pessoa poderá trocar por um quilo de produtos hortigranjeiros - explicou Didomenico.
Ele esteve em duas oportunidades na capital paranaense para acompanhar de perto os processos do projeto para fazer as adequações necessárias para a realidade da Serra.
- Nosso objetivo é auxiliar os agricultores daqui e a população necessitada. Significa ajudar o produtor e, ao mesmo tempo, aquela pessoa humilde, que precisa desses produtos. É uma questão ambiental e social - complementou o prefeito José Ivo Sartori (PMDB), que anunciou o projeto.
Os pontos de troca serão indicados pela Fundação de Assistência Social (FAS), priorizando bairros carentes e de difícil acesso.
Caso o projeto, desenvolvido em parceria entre Codeca, FAS e secretarias de Agricultura e do Meio Ambiente, seja aprovado em plenário, as questões da regulamentação e do funcionamento serão tratadas em seqüência, via decreto, explica Didomenico:
- Essa primeira aprovação é importante para garantirmos a verba para o programa, cerca de R$ 20 mil.
Como funcionaria
Qual é a idéia da Codeca para o Troca Solidária
- Dois caminhões (um com alimentos e outro para recolhimento do lixo) irão aos bairros, em períodos pré-determinados e antecipadamente anunciados
- Estarão à disposição, para troca, dois produtos hortigranjeiros por vez
- No bairro, haverá pesagem tanto do lixo reciclável quanto do alimento
- O tipo do alimento disponível deve variar de acordo com a produção de cada mês e seu excedente
- Qualquer pessoa, de qualquer bairro, poderá participar. Se os caminhões não percorrerem determinado bairro, os moradores vizinhos poderão levar seu lixo até o bairro onde o sistema existe
- Não há limite para trocas por pessoa
Vantagens
- Os recicladores (cerca de 300 empregos diretos) receberão materiais em melhoras condições que as atuais, aumentando suas capacidades produtivas
- O aterro sanitário ficará menos sobrecarregado
- Haverá maior envolvimento da comunidade na coleta seletiva e na reciclagem
- O acesso a alimentos será facilitado para pessoas pobres e que moram em pontos de difícil acesso
- O produtor rural terá ajuda para escoar sua produção
(O Pioneiro, 15/04/2008)