Especialistas em trabalho infantil, organizações indígenas e representantes do fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estiveram reunidos, em Lima (Peru), durante a Oficina Sub-regional de Especialistas em Trabalho Infantil Indígena, para debater a problemática desse tema na Bolívia, no Equador e no Peru. Os participantes do encontro fizeram estudos preliminares no três países e constataram que os "povos indígenas estão mais preocupados com a educação das crianças e adolescentes do que com os envolvidos em atividades de trabalho infantil". Após ter sido feita a análise da situação do trabalho infantil, o grupo concordou que é necessária uma estratégia para contribuir com a erradicação desse.
No Equador, os especialistas querem buscar dados mais detalhados sobre a população indígena na Costa e assim eles vão atuar em todos os países para definir linhas prioritárias de investigação, que os permitam ter informações, em quantidade e qualidade suficientes, para abolir o trabalho das crianças indígenas.
Eles querem fazer um levantamento quanto ao gênero e à faixa etária dos mais afetados pelo trabalho precoce e conhecer a visão dos povos indígenas e das autoridades sobre esse problema. Nesse sentido, as Comissões Nacionais dos respectivos países devem colocar também o trabalho infantil indígena em suas agendas, com a criação de um grupo de trabalho e a incorporação de organizações indígenas em suas atividades.
Os três países devem ainda desenvolver um plano de trabalho "cujos resultados permitirão desenhar uma estratégia e um plano de ação que possa ser assumido por tais Comissões Nacionais". A partir dos resultados obtidos serão desenvolvidas as estratégias de intervenção. As famílias indígenas vêem na educação uma forma de dar fim a essa exploração infantil. O levantamento prévio destaca que o conceito de trabalho infantil indígena não se refere ao desenvolvimento de atividades culturalmente aceitas, e sim das situações de exploração econômica, que atingem à educação, o desenvolvimento, a saúde, a segurança e moral das crianças.
No Peru, onde a população indígena - que corresponde a entre 25 e 48% do total - é 50% mais pobre que o restante da sociedade, fica evidente a relação entre pobreza e trabalho infantil. Nas regiões da serra e da selva, onde mora a maioria da população indígena, está 70% do trabalho infantil realizado no país.
Segundo a OIT, na América Latina, pelas condições de marginalização e exclusão dos povos indígenas, as crianças indígenas são mais afetadas pelas piores formas de trabalho infantil. Assim, é necessário "dar um enfoque específico para combater tais situações de exploração econômica em que se encontram esse setor da população".
(Adital, 15/04/2008)